O que é achado não é roubado, dizem. Tenho cá uma dúvidas e, se você concordar, poderemos refletir juntos. Há tempos já, eu era fedelha, minha grande família, pais, irmão, tios, tias, primos e primas fomos a um piquenique, em Santos. Farofeiros. Mau padrasto, pulando ondas, acabou perdendo a dentadura, ficou com a boca murchinha...mas ele não se chateou muito. O tio Ernesto Sprogis era ótimo dentista. Muitos anos depois, morando em Santos, eu caminhava pela areia e...chutei uma dentadura! De quem seria? Do Ulisses Guimarães? Não, a dele deveria ser bem maior e só identifiquei o proprietário quando ela sorriu para mim. Era a do meu padrasto, j´´a falecido. Como sou honesta, levei a peça ao Posto do canal dois, com uma recomendação: “Isto é um presente ao primeiro desdentado que aparecer”. Depois, não achei mais nada de valor. Na verdade, fico achando que a Dilma pode dar certo, se a deixarem viver em paz, ela anda mandando muito e por si só, sem obedecer aos cumpadres. Mas, não é essa “achação” o nosso assunto. Para melhor nos conectarmos, farei duas perguntas. Você já perdeu um guarda-chuva? Se a resposta for “sim”, continue lendo; se for “não”, feche o jornal e vá plantar batatas! Todo mundo normal perde guarda-chuvas. Eu já perdi um lindo muito. Fiquei um tanto chateada, a gente se apega, a gente se apega. A segunda pergunta: você já achou algum guarda-chuva? Não? Inda bem, você está dentro da normalidade, porque ninguém acha guarda-chuva nenhum mesmo. Todos perdem, ninguém acha... onde eles estão eu não sei. Também perdi um lindo anel de formatura que esqueci na pia de uma pousada. Nunca foi achado, sumiu! Então, só tenho perdido, mas um dia ainda acho. Um amigo meu tinha a certeza que acharia uma daquelas maletas prateadas, dos filmes, lotada de dinheiro. Disse a ele que ma devolvesse, com chave e tudo, porque me levanto antes dele, caminho antes dele, o direito era meu, de achar a cuja. E, vejam, amigos, que coincidência, não é que achei?
- A maleta cheia de dinheiro?
- Não. Eu estava atravessando o gramado do Kartódromo e quase que pisei...
- Num monte de cocô de cão?
- Nada disso. Num belo par de óculos, moderno, caro, elegante, de marca! eu não o havia comprado e fiz o que faria uma pessoa honesta. Avisei aos vigias do Kartódromo sobre o meu achado e, se alguém perguntasse, que dessem meu endereço. Gostei do par de óculos, mas o entregarei à pretensa dona, se o currículo dela for bom para responder: “Qual a cor das lentes? Qual a forma? Qual o tamanho? Qual a marca? Qual o n. inscrito no interno da haste? Também vou exigir a nota fiscal – e paulista -, porque se acreditou no Serra mostrou boa vontade e merece confiança. Ah!, ia me esquecendo. Também exigirei atestado médico que comprove, nestes últimos dozes meses, que a pretendente não teve conjuntivite. É que já usei os óculos e detestaria ter vermelhos os olhos, de vampiro! De vermelho só molho de tomate. Assim, você já viu que, rapidamente, tudo será resolvido e que o belo par de óculos vai é ficar comigo mesmo. Em sendo de justiça, o meu abraço.
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