31 de agosto de 2009

Convolando (*)

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em dezembro de 2003


Leio, sempre que posso, os textos do nobre cronista, Sr Eduardo Kebbe
Discorreu ele sobre as dificuldades de as pessoas que moram só, adquirirem produtos presos
Não sabe o que é um produto preso? Explico: hás os produtos soltos e os produtos presos. Solto, é quando você vai e compra: dois tomates, dois dentes de alho, uma abobrinha, uma berinjela, um xuxu, uma cenoura, uma mandioquinha, uma caixa de fósforos, dois palitos de dente, oito embalagens de corega para fixar dentaduras, oito maçãs, oito pêras, oito bananas, oito caquis, oito kiuís, oito abacaxis, oito...
Espera aí!! Você vai abrir uma quitanda?
Saiba, eu até abriria se o meu estômago de avestruz deixasse sobrar alguma fruta...! Bem, esse material é que eu chamo de produto solto. Os presos são aqueles assim: - Quero 100 gramas de lasagna (é essim que o italiano escreve). – Infelizmente, só temos de um quilo! – Então me dá duas salsichas de lata, por favor! – A senhora quer dizer duas latas de salsichas, não é ?! – NÃO!!! Isso vai estragar. Só quero, mesmo são duas salsichas de lata. E pronto. – Sem chance, senhora. – E... sardinha em lata, soltas, o sr. teria?! – (Me acontece cada uma!...) sardinha em lata é só presa. – (Mas que porcaria de casa é esta? Com uma população de idosos e eles estão ainda no século passado! Uma pouca vergonha!).
Bem, acho que já deu entender o que é produto preso e produto solto. Voltemos ao nobre cronista, Sr Eduardo Kebbe. Ele conclamou os solitários a se unirem e exigirem seus direitos gastronômicos, gastanto menos!!
Tem razão! Eu já estou enjoada de fazer bisque, um pãozinho inglês que usa leite azedo. Um litro de leite é muito e... a minha paciente vaca, que me fornecia de pouco em pouco) lá dentro dela, o leite não azeda, como na geladeira!) , você sabe, já faz algum tempo que eu a emprestei para o Genoino...!
Bem, depois, o nosso cronista, no final, se a luta pela minimização das embalagens dos produtos presos não der certo, ele aconselha: “em derradeira hipótese, convolai núpcias!”
Aí fiquei intrigada! Convolai?! Nunca ouvi esta palavra. A terminação parece que é de um verbo, no imperativo, segunda pessoa do plural vós. Então deve haver o verbo convolar. Fui ao “pai dos burros” e, como esse meu pai está bem velho (eu bem que mereceria ganhar um do professor Pasquale, ou do Weiss); não achei o verbo convolar, mas a palavra “convoluto”, adjetivo que vem do latim “convolutus” e que, na História natural quer dizer enrolado; dobrado em forma cilíndrica, folhas, asas convolutas...!
Enrolar em cilindro, em núpcias?
Chiiiii!! Será que estou entendendo?
Então, para comprar um quilo inteirinho de lasagna e outros produtos presos, você sai, por aí... convolando?!! E... será que a outra pessoa vai gostar de... de convolação?! Será que eu encontrarei um bom... convolador? Porque, convolador de araque não aceito! Sem negociação!
Em se achando um conveniente convolador, seria de bom alvitre, fazer convites: “Nós, os convolantes, estamos convidando você para uma convolação na mesa e...
Na mesa???!! Que falta de respeito!!
Você é que é malicioso!! Convolação na mesa é a gastronômica! Para comprar lasagna de um quilo, uma pizza toda inteira e uma lata inteira de sardinha em lata! Mente suja é a que você tem!! E mais! Saiba que eu sou uma convolatícia... que é uma convolante vitalícia: com quem convolei, convolei; não convolo mais!!
E, finalizando, o nosso cronista afirma: “Tenho dito!”
Será que o Sr. não teria aí a recomendar-me algum dito cujo, bom convolizador de mesa?!
Obrigada pela crônica. Agora vejo tudo muito mais claro! Um abraço da Daidy.

* Convolar, (do lat. convolare) V.t.. i. Mudar de estado, de cônjuge, de foro (ô), de partido, de sentimento, de idéia, etc. (dicicionário Aurélio da Lingua Portuguesa).

29 de agosto de 2009

Doce de Cidra

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em dezembro de 2003


Esse tema traz, à minha velha memória... algumas lembranças... gratas, deliciosas todas e, amiga e amigo... talvez vocês nem tivessem conhecido, um passado que vai longe nos tempos... eu falo de quando era menina. Também não vamos exagerar! Com as modernas técnicas de eliminar anos... eu ainda deveria ser bem jovem! Pois é! Só que eu não fiz nenhuma delas!!
Quantos anos você acha que eu tenho?
Caso você falar que tenho de 50 a 55, já ganhou um prêmio!!! Já ganhou um livro meu, lançado na 17a. Bienal do Livro, em São Paulo. Chama-se “Quatro Bruxas no Elevador”. Inteligente, como você é, estaria me perguntando: Por que só “Quatro Bruxas?! Explico. Sabe, é que no momento da edição, elas estavam meio gordinhas... e... por mais que eu empurrasse, não houve meio de caber cinco... Cinco Bruxas no Elevador. Desta forma digna e legítima, fico lhe devendo uma Bruxa...
Assim que você a quiser, eu a embalo e, via sedex, a envio, que, assim, ela sai mais rápido deste meu... sério... aconchego!!
Se você achar que eu tenho setenta anos, vou lhe mandar dois livros... de castigo!! Ora veja só!! Que desaforo!!
Mas, voltemos ao assunto inicial; o doce de cidra! Ele me fez lembrar os temos de menininha (quase anteontem mesmo!).
Éramos uma grande família: os Gazzetta, Os Peterlevitz, os Bassora, os Gonçalves, os Samartin, os Welsh ,os Gigo, os Bordon, os Zorzetto, os Esteves, os Minchim, os Marmille, os Diogo, os Delega, os Delbém, os Camargo, os Sprogis, os Leite, os Pinto, os Pierozzi, os Carneiro, os Conforto, os Leme...
– Espera aí!! Você vai falar da lista telefônica toda?!
– NAAÃOO! Isso é só um comecinho!! Nem falei ainda, da sra Salime Abdo, minha professora e digníssima Diretora do grande colégio onde meu filho Mario estudou; nem falei, ainda da professora Nabia Abdo, de quem meu filho menor o Giulio foi aluno e dela guarda um grande afeto. Gostaria de contar a elas duas, que seus alunos são, hoje, formados, na USP e na UNICAMP. Homens de bem!!
– Mas... o que é que isso tem a ver com doce de cidra?
– Sim, sim... me perdoe, é que eu estava divagando, nuns tempinhos atrás. Sabe, nas festas de casamentos de todo esse pessoal que tentei nomear, era assim; cozinhava-se abóbora, mamão, batata doce branca, batata doce roxa, batata doce azul... azul??? Não, azul não! ainda não inventaram essa maravilha!... E indo por aí, fazia-se uma festa linda!! O bolo, grandioso, branquíssimo, coberto de claras batidas em neve, era sempre a minha tia Rosina que fazia!! Se não foi ela que fez, a festa era errada! Havia, também, um doce de nome beijinho. Era assim: de coco. Não desses sem gosto, de pacote, que vendem hoje! Era coco mesmo, peludo marrom, quase preto, redondo! A gente furava num dos três lugares para furar, virava num grande copo, bebia este néctar dos deuses e, depois... depois era uma luta para quebrar o dito cujo. Uma vez, de tanto jogá-lo ao chão, quebrei um ladrilho, de modo que me foi aconselhado a fazer isso lá fora, no cimento. Uma vez quebrado, era cortar, com uma faquinha bem afiada, a pele de fora e ralar o coco de dentro. Para não demorar mais, com algumas misturas deliciosas, ficava tudo amarelo. Em bolinhas, com um cravo espetado em cima...
E toda essa lembrança maravilhosa, chegou-me hoje, porque recebi um doce de cidra, absolutamente delicioso, delicado, sem muito açúcar, da minha amiga Nereide, através de seu marido, o Lourival Trimer. Casal perfeito está aí!!
Como não compensa mais eu fazer doces em casa, porque ainda não segui o conselho do amigo cronista Eduardo Kebbe, quer dizer, eu ainda não “convolei núpcias”, só posso mesmo é agradecer esse pessoal bom e carinhoso, porque, a minha língua, não é um artigo preso como a do Lula e do Palofi. Nisso, aqui, somos um produto muito solto. Abraços e até a próxima.

28 de agosto de 2009

O Charny da Daidy

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em dezembro de 2003


Já consigo, sem tremores de indignação, triler, tetraler, pentaler, hexaler, etc... o texto do Charny, enviado por um grande amigo!
Olhem, meus amigos, é um tétrico texto! Imagine o livro todo! Puro masoquismo de quem o ler! Fala de maldades antigas, fala dos campos de concentração, fala dos campos de extermínio, do holocausto... das vidas de casais que, não podendo mais viver juntos, separam-se, mas, a vida, má como ela sempre foi, é e será, faz o casal saber que nada encontrou de bom, depois da separação. Tudo de ruim para eles...! Eu não queria saber de nada disso, justo agora que o Brasil constrói sua credibilidade lá fora! Justo agora que temos gente de confiança governando conosco os nossos destinos... justo agora que temos o magnífico ribeirão-pretano Palloci a considerar normais as desavençazinhas no PT (com grande frustração dos repórteres televisivos que se deliciam em procurar chifres em cabeça de cachorro... e... quanto pior, melhor!)... Justo agora que ao ver o Palloci, ainda com o pé esquerdo contundido, a explicar, com sua língua “plesa”, que a equipe econômica não vai ceder a pressões políticas... que o caminho estudado, re-estudado, traçado, definido... com muita serenidade e calma, está se desenvolvendo segundo uma pauta de bom senso... que confia num histórico destino brasileiro em vencer crises pelo trabalho árduo, produtividade e exportação (sabia que nossos frangos, nossa excelente carne de boi, sempre sem a vaca louca, nossa soja, nossa laranja, nossos abacaxis, nossas acerolas - não confundir com cerola, é outra coisa! – Estão cada vez mais apreciados mundo a fora?
Bem, com todo esse otimismo, voltei à sétima leitura do “pequeno texto” do autor Charny, pessimista, cru e... verdadeiro!! Os “miseráveis” de Victor Hugo são felizes perto disto!!
Foi quando percebi... que me escondia sob uma camada hipócrita que cobre a verdade e a fantasia de otimismo, de encanto e de poesia... reconheço a crueza da Verdade escabrosa e demoníaca que nos cerca a todos. O enfado, a rotina e o sem sabor de uma vida monótona arruínam, quase todos, os fiapos de esperança, e a nós, já quase desnudos e dependurados num abismo negro... quem sabe qual é a força que leva nossos olhos a se voltarem... para os céus!... Em busca de; com necessidade de pertencer a; ... com o pouco que resta do azul de nossa alma... a pedir socorro a quem o possa ouvir!
Charny retira-me do solitário vôo da ave que, sem ninho, nega-se a voltar à terra , preferindo planar, à procura, não do pôr do sol, à moda do Pequeno Príncipe de Exupery...mas à colheita de cada sensação que todo dia traz... ao espantar as trevas da noite, ao espantar a escuridão e ao admirar a gota de orvalho da grama, que decompõe a luz em todas as cores do arco-íris...
O texto Charny reporta-me a um passado distante. Sem data, sem local. Talvez no próprio dia do meu nascimento!
E tudo já estava lá! Gravado no meu espírito prenhe, como o afirma o filósofo Sócrates. Tudo o que Charny explica...
Só que, no mesmo dia em que nasci... eu JUREI SER FELIZ!!
Tudo o que há de ruím no mundo, as desgraças, a traição, a inveja, a cobiça, as frustrações e os desenganos; o pessimismo, o masoquismo, a não-caridade, as ofensas, o abandono, os fracassos, a vingança a negligência e a INJUSTIÇA... levei tudo isso para perto do mar. Bem onde a salgada água, numa onda amena beija a praia.
Ali escrevi tudo, na areia, o que há de mal no mundo.
Depois, voltei-me à procura das lindas rochas, onde crescem mariscos e ostras e se banham, alimentando-se com o milagre do mar...
Na rocha dura, escrevi, a duras penas, tudo o que pude saber das dádivas da vida: a amizade, o amor, a mão dada, a mão estendida, o calor terno de um beijo amigo, o fecundo abraço que acalenta... o amor sincero numa pobre cabana, a segurança da fidelidade, a inocência da criança...o perfume da natureza, a história de dias felizes... a consciência de que somos... todos irmãos!!
Quando acabei, de mãos já muito cansadas, procurei um local mais alto, de onde pudesse vislumbrar a paisagem...
Foi quando aprendi a maior lição da minha vida, para... continuar FELIZ!!
O beijo das ondas havia apagado tudo o que de mal eu havia escrito, dos homens e do mundo, na areia!
A página estava... em branco, para novas escritas...
Na rocha dura, as coisas do bem se eternizavam...
Nunca mais desisti de ser poetisa!

27 de agosto de 2009

Fé de mais ou fé... de menos?

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em junho de 2005


Nestas madrugadas frias, não dá mesmo para caminhar no kocosódromo! Nem aí, no lindo bosque de Nova Odessa.
É que pessoa de idade não deve abusar, porque pode, facilmente, pegar uma “peleumolia”.
Então, o quê fazer tão cedo? Ligar a televisão.
-Você não espana os móveis, de manhã? Perguntaria uma boa dona de casa.
-Sim, sim, mais ou menos. De vez em quando. Tenho até um espanador novo. Mas é coisa chata. Sempre igual. Nada que satisfaça à curiosidade de um espírito exploratório que todo mundo tem.
Televisão ligada, ouço o pastor Jayme Amorim: “Demônio...sai daqui! Abandona essas pessoas boas que oram comigo! Depressão, sai daqui! Abandona essas pessoas boas que oram comigo! Desânimo! Sai daqui! Abandona essas pessoas boas que oram comigo!
Como não me vejo como pessoa boa, mudo de canal. Canal da família.
“Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco! Bendita sois entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, mãe de Deus (aí está errado! Maria não é mãe de Deus, mas de Jesus Cristo), rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
É um mantra. Mantra é bom. Para não pensar em nada, você vai falando e ocupando o tempo sem pensar em nada.
Enquanto o seu intelecto está ocupado em não fazer nada, uma parte outra de você sai a passear.
Visita creches e assiste ali, ao maravilhoso trabalho que as religiões fazem pelos pequenos abandonados e desvalidos. Conseguem a eles um prato de comida que algum restaurante ou instituição caridosa doa. Qual a esperança de cada um deles?
Nenhuma. Nem sequer uma luz no fim do túnel deles surge. “Serás amanhã aquilo que és hoje!” A resignar-se ensinam as religiões. Você é um inferior e vai continuar assim. Não reclame. Aceite e se cale.
Aí essa outra parte de você visita os presídios.
Conversa com todos os detentos. São inocentes todos; nasceram bons, com a graça do Criador e... uma sociedade que os excluía dos direitos a eles devidos... os corrompeu!
Você tem um neném em casa? Ele não é lindo?! Ele movimenta, sem parar os roliços braços e as perninhas. Bota o dedinho do pé, na boca!
E murmura: “Huglh... bughluo... dughhi... bulhughi!... huhlgn....! dughhi!!!
Com certeza, este pequeno neném, puro e inocente, com olhar doce e pronto para amar... está falando a você: ! Eu o amo sorrindo, aninhe-me no calor do seu peito! Quero ouvir as badaladas do seu coração... como o sinos que, em Roma, às seis da manhã... rezam a Ave Maria de Gounod! Quero entrar nessa sintonia!
E assina: “Neném, ao seu dispor... para aquilo que fizer de mim!”
É esse mesmo neném que você encontra, atrás das grades!
Aí, a outra parte de você viaja até o Vaticano. E fica encantado, com tanta RIQUEZA!!!
Tudo é lindo, tudo é grande, tudo é muito caro! Uma Verdadeira ostentação de poder!
Material.
Parece que a igreja gosta do poder.
Aliás, ela abençoava os navios negreiros que deixavam a África, separando a mãe do filho; a esposa do seu homem, o irmão da irmãzinha... a servir aos nobres poderosos.
Não sou eu que falo isso. Todo mundo sabe que havia, sempre, um religioso nos grandes jantares, em casa dos nobres. A controlarem tudo!
O Poder!!
A riqueza! Feita pelo engodo a cada um de nós! Pelas religiões, que mandam você calar a boca, a ser submisso, a continuar muito humilde, sem direito a voto, nesta grande injustiça que as religiões fazem o tempo todo, com você e comigo!
Acho que estou perdendo as “indulgências plenárias” todas!
Acho, também que vou pro Inferno, quando morrer!
Um segredinho a você, leitor querido: fique livre, como eu sou, de todas as influências maléficas das Religiões!!
Elas reprimem, elas escravizam, elas subornam e mentem! Só há uma ligação entre você e Deus.
A sua alma. A sua consciência, Que lhe fala, a cada momento de sua vida... o quê é certo e o quê é errado. È o caminho mais curto para se falar com “Ele”.
E... sabe...”Ele”... não existe sem você!!
Gosto muito do Seicho-No-Iê, onde o ser humano deve procurar a felicidade e a prosperidade, sem culpa, numa batalha limpa, de trabalho.
Gostei muito, também, de ouvir o senador Crivella, da tribuna da Senado a dizer que as religiões oprimem, aprisionam... subornam...!
Leitor querido... o que nos resta, depois de tudo isso?
A fé!!!!!
Em qualquer lugar que você a ponha! No seu trabalho no amar esposa e filhos; no agüentar a sogra!
Nada espere das religiões todas!
A maioria... FEDE!!

26 de agosto de 2009

O maravilhoso freezer do seu vizinho.

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em setembro de 2004


Veja, no título, estou generalizando. Todo mundo tem vizinho, a não ser o anacoreta, que vive só, seja na própria caverna, ou nos mais altos montes do Tibet.
Todos a meditar.
Ninguém tem que falar nada!
A propósito, lembrei-me de uma história (ou piada) que conta bem sobre um fato ocorrido, lá em cima, mais perto de Deus e... onde o silêncio total se impõe. Ninguém fala nada!
O monge principal meditava lá, há cinco anos. Quieto.
Achegou-se a ele, um monge figurante.
Assentou-se perto e, depois de dois anos de calado... lhe perguntou: “Qual o número que vai dar na mega-sena acumulada?”
O monge principal levantou-se e foi indo embora.
- Por que ides embora?!
Com tanta prosa. Não se consegue meditar!!!
Vizinhos estranhos e muito parecidos com esses dois aí em cima, vocês sabem... eles lembram alguns de seus vizinhos!
Todo mundo sabe... disso!
Neste exato momento de grande meditação... é que eu lhes apresento o freezer dos meus vizinhos, a elegante Nereide e o não menos elegante Lourival..
Trrrrrrimmmm...!
Alô!!! É a Daidy!!!
(Outra vez?!)... Sim, Daidy, o que é que você manda, hoje.
Será que eu poderia saber se o freezer de vocês está cheio?
Pela metade.
Posso enchê-lo por inteiro? Olhe, é só por um dia, que meu filho vem vindo de Caldas Novas, com um monte de carne e acaba de telefonar-me e lhe conto como foi:
Mutcha, você ainda tem, ainda, aquele freezer vertical?
Lógico que o tenho!
Está ligado?
Não!
Ligue-o então, que vou chegar aí por volta da meia noite e preciso guardar carnes!
Sim, sim, filho há só um probleminha...
Você está de saída?
Não, de entrada... (em problemas!) . É que o meu freezer está super cheio e...
Mas, você não disse que ele estava desligado??!!
E continua. Foi transformado... em prateleira.
...!...! Você quer dizer que é proprietária, hoje, de um freezer-vertical-quente-prateleira-cheio?
Como foi que você adivinhou?!
Desentope tudo, daqui à uma hora ligo novamente.
Em exatos três minutos, retorno a ele:
Filho, já está tudo certo! Pode trazer suas carnes.
Você não quer me fazer acreditar que desentupiu, em dois minutos, seu freezer-vertical-quente-prateleira, vai?!
Não... eu entupi o freezer da Nereide e do Lourival. É só a parte de cima da geladeira!... nada de tão grave... é só por um dia...!
Esse meu filho é muito jovem ainda e bastante contrário... ao que ele chama de “soluções externas”. Um dia aprenderá... com o tempo... que a auto-suficiência, não existe!
“Um dia?”!! Já se passaram oito!!! E corro lá, a desentupir a metade da parte de cima da geladeira dos meus vizinhos. À campainha toco uma vez... toco duas... toco três... e o Lourival aparece. Molhado. É assim que, normalmente, a gente sai do banho. Também normalmente, nestes dias frios, a gente toma banho bem quente... e... ter que tirar coisas do freezer...
Mas ele o faz, com a simpatia de sempre e, cá entre nós, não é a energia que não nos faz pegar uma pneumonia??!!
Um simples “obrigado” a eles é muito pouco. Por esse motivo, abraçando a você, leitor e internauta que têm bons vizinhos, dedico esta crônica. No geral.
No particular, aos elegantes meus amigos Nereide e Lourival Trimer.
Ai, que frio que está fazendo!!!

25 de agosto de 2009

A campainha

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em dezembro de 2003


Então era eu ainda uma pirralha. Não pense que faz muito tempo, não! Só uns cinqüenta aninhos.
Falecendo meu pai Julio (Deus o tem!), meu irmão Wladyr (agora já Deus também o tem), minha mãe Julietta (Deus a tem) e eu (Deus... não! ainda não, pelo amor de Deus!), fomos morar na casa dos avós italianos (Deus os tem).
Era uma enorme casa. Pomar com horta anexa
Muita gente. Onze tios, os avós e mais nós três.
Café da manhã, almoço e jantar eram uma verdadeira festa. Comprida mesa rodeada de tios por todos os lados.
Meu velho e autoritário avô Giuseppe (Deus o tem) não aturava desperdício. Acho que, só por desaforo e para exercitar a rebeldia de adolescente, o tio Olímpio (Deus o tem) lotava tanto e tanto o prato...que deixava metade. Sempre. Pelo menos até um certo dia, quando, ao nos levantarmos da mesa, solene, meu autoritário avô torceu o semi-bigode da direita e olhou o prato do Olímpio, semi-cheio; o prato, não o tio, já completamente cheio (diz-se: satisfeito) e torceu - o avô, não o tio - o semibigode da esquerda, olhando feio o rebelde perdulário.
–Você fica aí! Até comer tudo!
Achei muito bem feito e... calculo que, depois de duas horas de superlotação estomacal (de valente polenta, costelinhas de porco e alface), pode-se dizer que meu tio Olímpio passou a ser uma pessoa alimentada por comedimento .
Aos domingos, eu e toda a minha “companherada”, logo cedinho, sumíamos, cada uma portando possante pão feito em casa e bananas do quintal. Uma peneira ia junto. Estrada era longa e empoeirada, iam surgindo fazendas, com plantações de tomates, melões, melancias e milho verde. De tudo se surrupiava um pouco (o padre havia falado que o produto da terra era de todos...!), até se chegar num riozinho rumorejante, onde a peneira acabava sempre “caçando” alguns lambaris. Uma fogueira e pronto! A nossa refeição. Lambaris com anexas as tripas, lógico.
Lá pela quatro, o caminho de volta, que os horários eram rigidamente sagrados: às seis em ponto, todos à mesa.
Chegávamos, cobertos de poeira, ao portão da casa da minha avó Mathiede. E valia, como despedida, uma pequena travessura: tocava eu a campainha de botão preto e nós nos escondíamos.
Abria a porta lá em cima do terraço, a minha avó. Olhava à direita, à esquerda...nada. Não havia ninguém! Pacífica, ela voltava para dentro.
Depois de três minutos, novamente um malandro dedinho apertava o botão preto da campainha.
Risos abafados.
Ei-la de volta, a vó Mathiede.
Olhava à esquerda; à direita. Nada! Não havia ninguém. Pacífica, ela reentrava.
Depois da quarta apertada do botão preto, a coisa perdia o sabor, porque a pacífica vó iria continuar, pacificamente, olhando à esquerda, à direita e a voltar para dentro....
Cada uma da “quadrilha” para sua casa, entrava eu, sorrateira, por um dos dois longos corredores externos, até chegar ao terraço dos fundos.
Acho que minha vó fazia o mesmo caminho, por dentro da casa.
Até o terraço dos fundos, quando me dizia:
–Bambina birichina (lê-se biriquina), sei próprio um monte di polvere! Vada a pulirte; se lo fai presto, avrai tempo per suonare ancora per cinque volte il campanello!...
– !!??#@$$%%!...
Traduzindo: “ Menina peralta, você está mesmo um monte de poeira! Vá lavar-se; se o fizer depressa, lhe sobrará tempo para soar ainda por cinco vezes a campainha!...”

24 de agosto de 2009

L A R I S S A, Euterpe e Terpsicore!

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em março de 2004


(Não sei se me cabe esse direito: o de passar aos jornais o texto que enviei à minha neta Larissa, no dia de seu nono aniversário, a 07/03. Arrisco, por duas bem simples razões. Uma, a invocar o "Estatuto dos idosos", de que sou... velha exemplar; outra, convidando a que todas as vovós procurem a origem dos nomes dos netos, o significado e... o que é mais importante, que passem a eles uma... instigação ao saber!).

I – A LARISSA, lua do planeta NETUNO;
II – A LARISSA, cidade grega da TESSÁLIA;
III - Um pouco sobre a GRÉCIA;
IV - As MUSAS;
V – O FINAL.

I – Foi, exatamente, no dia 2 de julho de 1989 (seu papai tinha 25 anos), que a Lua Larissa foi descoberta, pelo astrônomo Stephen Synnot, que viajava pelo espaço, na sonda norte-americana Voyager 2. Essa lua, com o nome lindo de LARISSA, fica bem pertinho do último planeta visto a olho nu, dentre os oito que giram em torno da estrela chamada SOL. O nome desse planeta é NETUNO. É o deus do mar. Ele morava num maravilhoso castelo, lá no fundo do mar e, quando queria passear pelas ondas, usava uma brilhante carruagem puxada por cavalos. Não eram cavalos pocotó comuns, não! Eles, limpinhos demais, tinham as crinas bem longas... (você não vai acreditar!)... de ouro!!! Imagine comigo, Larissa, que espetáculo devia ser isso: todos os peixinhos do mar, desde aqueles pequeninos cor de rosa, vermelhos, brancos e azulados; os siris, as ostras, os caramujos, as anêmonas e os hipocampos... até aqueles bem grandes, como o polvo, com tantos tentáculos, os golfinhos, as orcas, as mamíferas baleias, alguns deles aparentados com o "Flipper"; e mais todas as translúcidas plantas que no mar existem... todos esses entes marinhos, numa atitude de respeito, abrem passagem, baixando a cabeça... porque passava, magnífica, a carruagem de um rei!! O rei Netuno!!
Juro, Larissa, que eu gostaria de ver isso.

II – Na parte norte da Grécia, em grandes e férteis planícies, há uma região importante, chamada TESSÁLIA. E você sabe qual é que é o nome da cidade principal da TESSÁLIA? É LARISSA!!

III – O seu nome, LARISSA, não vem das nossas origens: de Batchan e Ditchan – o Japão; nem daquela do vovô – a Itália; nem daquela da vovó – a Letônia. Vem da gloriosa GRÉCIA!! Ela está perto do sul da Itália, entre os mares Jônio e Egeu. E tem uma história longa e interessante, que, sei, você gostaria de aprender. O povo grego era grande pensador, grande imaginador, gostava de teatro, da música, da dança, da astronomia, da medicina,da filosofia, da poesia, da matemática, da física, da biologia... de tudo! E muito de tudo isso começou com ele e... ainda é moderno agora! E lá na Grécia, historinhas foram se criando, na imaginação. Era a Mitologia – referente aos mitos. Mito é a verdade do coração, não a verdade daquilo que nós vemos.
Mas os gregos eram das ciências exatinhas, também. Todo estudante acaba aprendendo sobre os pensadores Pitágoras, Hipócrates, Aristarco, Sócrates, Aristóteles, Platão, sobre Tales de Mileto, sobre Arquimedes... sim... há uma história interessante e cômica, sobre esse tal de Archimedes. Ele vivia pensando e pensando. Até na banheira – naquele tempo era o tonel. Não havia chuveiro. E estava preocupado, porque desconfiava que um fazedor de coroas recebia ouro, fazia a coroa encomendada, mas... misturava o ouro com mais alguma coisa. O peso da coroa era o mesmo... mas, o fazedor de coroa guardava para si o ouro substituído por outra coisa bem sem valor. Eu jamais teria pensado nisso, mas o Arquimedes, no tonel, todo ensaboado, um dia percebeu uma grande verdade científica. Era uma "lei" da física e... não é que ele ficou tão entusiasmado, mas tão entusiasmado que saiu para a rua, todo ensabonetado, espumando, e peladíssimo, gritando: EUREKA!!! (descobri!!) ??! (E foi graças àquela lei descoberta, que hoje, 2.500 anos).
Depois, os navios, bem mais pesados que a água flutuam!).
Larissa, naquela antiga época, não havia computadores. Seu papai é um grego que pensa e que pensa na informática... E, não se espante se, um dia, cheio de espuma, ensabonetado... seu pai sair do chuveiro, quarentão e peladíssimo, a gritar na rua: EUREKA!! (Descobri!!).
É normal. Entre sábios.

IV – Sempre imaginando... os gregos procuravam os ideais... procuravam a perfeição e criaram entes perfeitos, as chamadas MUSAS. Eram em número de nove, todas irmãs, que era para que nós aprendêssemos que as artes, as ciências, enfim, todo tipo de conhecimento está ligado. Como as irmãs estão ligadas. As MUSAS eram filhas do rei Júpiter e de Mnemosyne e se chamavam: CLIO, que presidia a HISTÓRIA; THALIE, a gostar do teatro cômico; MELPOMENE, gostava do teatro tipo tragédia; ERATO, da elegia; POLYMNIA, da poesia lírica; URÂNIA, da astronomia; CALLÍOPE, da oratória...
Faltam duas: EUTERPE, que presidia à MÚSICA e TERPSICORE, que presidia à DANÇA. Deixei essas duas por último, porque... mais que eu estar aí, hoje, a abraçá-la... é importante você saber que eu a nomeio a MUSA LARISSA EUTERPE-TERPSICORE, grega de nome e grega na busca da perfeição... na Música e na Dança.

V – Minha grega MUSA LARISSA, gostaria de manejar esse complicado computador, de forma a fazer um final, com, no mínimo, cem corações, onde você colocasse os nomes de todas as pessoas a quem ama.
Como não sei fazer essas modernidades, imagine isso feito, mais um fundo musical:
..."Você, pode estar longe, muito longe sim, mas por te amar sinto você perto de mim e o meu coração sofrendo...
Amigos para sempre é o que nós queremos ser... na primavera ou em qualquer das estações... nas horas tristes, nos momentos de prazer... amigos para sempre... amigos para sempre...!!!
Não nos perderemos, não a esquecerei... você é minha vida, tudo que sonhei... e o meu coração sorrindo...! Amigos para sempre é o que nós iremos ser, na primavera ou em qualquer das estações... nas horas tristes, nos momentos de prazer... amigos para sempre... amigos... para... SEMPRE!!!

A cabritinha

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em janeiro de 2006

Todos conhecem uma cabritinha: ela é dócil às vezes, ágil sempre; de olhar atento e buliçoso, rasga, veloz o vento, esquece a chuva e conquista os píncaros difíceis das montanhas... em busca do infinito!!
É dócil, porém indomável!
Ela sabe, sempre, aquilo que pretende! E luta, sem nenhuma dúvida.
Aceita a todos os desafios, como se isso fosse a sua própria essência do viver!
E é!! Escolhe, muito rápido, daquilo de que precisa e, veloz, escolhe para todos os outros também!! A dúvida não lhe existe!!
Sabe quem foi a mais querida cabritinha que conheci ?
A menina Mariane Otsuka Peterlevitz Frigerio.
Ela é uma lutadora, estudante de balé clássico (pela energia que ela tem, pela audácia...) acho mesmo é que deveria fazer patinação! No gelo! Sonhei com ela, a voltear as imensas pistas geladas, no mundo todo, mostrando tudo o que é capaz de fazer! Uma audácia sem limites!
Foi só um sonho, porque sou apenas a vó que... sonha!!
Sou, também, graças a Deus, a sogra!!!
Mas... minha cabritinha Mariane Otsuka Peterlevitz Frigerio, neste site de tantas crônicas, sabe que estou feliz? Mesmo longe de você?
É que existe o livro, o imorredouro livro, onde tudo fica registrado. E, sem dúvida, este despretensioso texto estará no meu próximo.
Um livro não morre, nunca! Ele lembrará seu sétimo aniversário, a ocorrer no dia 16 de janeiro de 2006, quando espero abraçá-la muito.
(Vovó, diria você, está para morrer? Por que está me contando isso tudo?)
Longe de mim a idéia de morrer!! Ainda não!! Sei que irei, direto, pro inferno !
Em que não acredito!!
Eu só lhe queria registrar o quanto você é querida a mim!
De olhos buliçosos, negros olhos que a tudo observam, dinâmica e magrinha, faz ginásticas que a mim... já são proibidas pela idade!!
(Mas eu tento!... Juro).
Além dessa dinâmica toda, a minha Cabritinha sabe ser terna e carinhosa. Lembro-me que, em janeiro, 08 de 2005, quando do casamento do titio Giulio com a titia Patrícia, havia três anjos de branco, na cerimônia, a levarem as alianças. A minha Cabritinha, a irmã Larissa e a Ana Laura, a prima pequenina, muito ainda... que, de repente, parou... em meio àquela inusitada cerimônia. A Cabritinha não teve um segundo de dúvida sequer: carinhosamente, arrastou a priminha pela mão e, com a simpatia e sorrisos de todos os convidados... a bela cerimônia continuou. Mas não foi só! No almoço do dia seguinte, na cabana, ela resolveu “cuidar” de mim, que estava com o braço esquerdo quebrado, na tipóia. “Não precisa cortar tão pequeninas as fatias de lagarto, Mariane! A vovó tem boca grande!” Peremptória, a menina-Cabrita, de cinco aninhos, asseverou: “Hoje você está doente!”
Eu “bedeci”. Fui mastigando, bem devagar, as minúsculas porções. Nesse vagaroso processo, o estômago deve ter mandado ao Centro de Saciedade, no cérebro, a mensagem: “Já chega! Se continuar comendo... vai engodar!”
Como é que a Cabritinha sabia disso???! Por uma energia Cósmica a ligar-nos... todos! A ensinar a nós que, neste mundo tão imperfeito... ainda não se sabe quem é o professor e quem é o aluno! A idade não importa! Amor e respeito, sim.
Gostaria que você, meu querido leitor, que tem filhos, irmãos, sobrinhos, netos ou primos... ou que não tem mais... ninguém... assumisse como suas estas últimas palavras do texto... porque sei que você tem uma Cabritinha, a quem possa dizer:
Eu e você somos os elos de uma contínua corrente. A da vida. Quem vem e quem se vai! Mas confio em você, querida cabritinha que, ao percorrer seu caminho, ao subir às montanhas – o que você fará, certamente – lembre-se de não esmorecer – nem de se cansar! – Porque o caminho certo é o mais difícil! O mais árduo!! Mas é o único da honra, da honestidade, da ética, e de corretas ideologias e boas!
Com amor, vovó Daidy e todos os outros.

22 de agosto de 2009

O NENÉM ANÁRQUICO

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em dezembro de 2003


Desta feita, estou na poltrona 29, a caminho de São Paulo.
Ao ler isto, o Bud, sempre em volta xeretando, cruza os braços e olha-me com aquele determinado ar de enfado, característico das lícitas exigências maiores, que tipificam as aspirações das pessoas bem dotadas intelectualmente.
Todo esse palavrório significa que, ao bem dotado, é muito mais difícil de agradar. Então vem a exclamação do enfadado Bud!
–Novamente história de ônibus?!
–Novamente por que? Eu ainda não fiz nenhuma história de ônibus! O leitor é testemunha! Até agora, não há um tema meu sequer que se inicie assim:... era uma vez um ônibus...
–Você sabe que não e isso o que eu quis dizer...! Não seja tão... antipática.
–Mas foi, exatamente, o que disse. Não seja tão... impreciso! Olhe, vamos fazer um trato! Eu vou aí onde você está. Você vem aqui, onde estou. Eu xeretarei... você trabalhará.
E dito e feito. Trocadas as posições, o Bud escreve:
“... eu estava ocupando a poltrona 27!”
(Não acredito – é o maior gozador explícito da Paróquia!) – Vamos esperar.
–Na janela. NÃO!! Na janela não! Ê descômodo, e tem uma ventania... É errado dizer na JANELA ; diz-se à janela, que, assim, fica respeitoso às exigências gramaticais do ilustre leitor...
Ao meu lado, na 28, acomoda-se um senhor maduro, pescoço taurino, bem robusto, sobejante em banhas muitas por todos os lados. Com o balanço do ônibus, toda aquela... inteira obesa pujança foi, num primeiro tempo, ocupando os baixios da poltrona. Como ainda houvesse banha excedente, eis que, num segundo tempo, ela invade todas as laterais do próprio território e promove ainda, num terceiro tempo, a indevida ocupação de parte do MEU... espaço!
Ora bolas!!
Sinto-me comprimida entre duas muralhas! uma é a parede do ônibus; outra é a lipidinosa do meu porcino companheiro de viagem.
Ah! Nestes momentos de... aperturas, cabe-me um evocativo pensamento: salve os Vigiantes do Peso!...
Bem, com um sentimento claustrofóbico pressagiando a... limitação espacial da viagem toda, vejo, no próximo ponto, embarca uma senhora com um neném pequenino e... mais cinco sacolas grandes! Três delas são em plástico transparente e permitem aos mais curiosos observadores conhecer o conteúdo, primorosamente dobrado. Na maioria fraldas, cueiros, mijões, blusinhas de lã, crepe para fraldas, manta amarela, manta verde, manta branca.
Com certeza, esta mãe não quis saber, antecipadamente, o sexo do bebê. A pobre mãe – não que lhe conheça o saldo da caderneta de poupança! – desajeitada, enrosca-se aqui, entala-se acolá pelo corredor do veículo, arrastando todo aquele... considerável volume que desloca.
Três sacolas no bagageiro, em cima, duas sacolas no chão, neném no colo, f1nalmente... assenta-se a mãe, ao lado de um moço.
De olhos pequenos, tem nariz fino e longo, cabelos curtos, moda... arrepiada, barbicha loura no mento, expressão hircina, ares tristes.
Eles estão duas fileiras à frente, do lado oposto.
Tudo pronto. Seguimos.
Por dez minutos, tudo pareceu normal. No décimo primeiro, contudo, aquele nenenzinho tão inocente dá ares de impaciência. Balbucia sílabas para nós desconexas, no que acredito vislumbrar uma séria manifestação de protesto. Ou... uma sólida e expressiva reivindicação à mamadeira. Mas, adulto custa a entender neném, de forma que não resta à dócil criaturinha outra saída que não exercer, espalhafatosamente, pressão... digamos... política! Ainda sem acesso aos recursos da mídia, sozinho, arma um barulho infernal, que vai desde o agudo, estridente ao choro lamentoso, com soluço e perda de fôlego!
– Buááááááááá´!!!...Ihhhhrrrrchhhch!!....Auuuuuumm !
– A mãe o balança e o afaga, tentando fazê-lo calar, mas, ao que tudo indica não vai haver negociação.
Um minuto desse barulho é como dor de dente! Uma eternidade lenta de agonia! O rapaz de barbicha olha, indignado, como um bode olharia em frente ao espelho...
Todos os olhares se fixam, ora na mãe, ora no neném, lembrando os movimentos dos expectadores de animado jogo de pingue-pongue! Ela, frenética, inicia, nervosa busca. Enfia a mão na primeira sacola, busca e rebusca; vira e revira. No afã, algumas fraldas ficam fora! Enfia a mão na segunda sacola, apalpa, procura, remexe. No afã, alguns cueiros ficam fora!
Bem, até chegar à quinta sacola e ao quinto afã, o ônibus já adquire aquele aspecto de mudança, no momento exato em que os carregadores organizados despejam, desorganizados, tudo na casa nova e vão se embora, deixando a patroa... sem saber por onde começar!
De repente ilumina-se o olhar da mãe, que fita as costas da poltrona à sua frente. Graças a Deus! A mamadeira está bem ali. No recôndito daquela espécie de bolsa vertical com elásticos nas laterais! Provavelmente, a mãe do neném, com espírito bem prático, ali a colocou, de forma a, em caso de emergência, ser encontrada com... bastante” facilidade”!
-E você não a viu lá, Bud? Por que não avisou?
-Eu a vi... mas nunca se sabe... com nenéns modernos... pensei que estivesse à cata de... chicletes de bola... e, até agora, não fiquei sabendo onde eles estavam guardados

21 de agosto de 2009

VOANDO COM MEUS MAÇARICOS

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em dezembro de 2003

Percebi o Bud silencioso, espiando atrás de mim, sobre meus ombros, tentando ler no papel em que escrevo, o titulo desta crônica.
Explico.
É que ele anda tão irreverente, tão zombeteiro, tão escarnecedor que teme – e com razão – ver na folha ainda em branco, algum dia, um título mais pomposo e de peso, tipo... Os "Ensaios Sobre os Princípios Regentes dos Desmandos da Mente Budiana.
Com certeza leu agora “Voando com meus maçaricos” porque ouvi, primeiro um suspiro de alívio e depois o baque característico de quando ele, literalmente, desmancha-se na sua predileta cadeira. É uma velha cadeira de balanço com almofadas de quadradinhos coloridos, em crochê, que fiz em tarde chuvosa e fria.
Nesta cadeira, ele... embala o espírito e afia a língua. Pronto! Penso.
É agora que ele começa:
– Não acredito! Não quero acreditar! Não! Não! – Exprime-se ele, no mais autêntico tom dramático de que é capaz.
E depois – caprichoso! – Vem uma pausa de efeito, esperando a pergunta que hoje eu não pretendo fazer! "Não acredita em quê?"
Um tanto decepcionado com meu desinteresse pela sua dramatologia, voltou à carga:
– Não quero, não posso acreditar que você – ingrata! – Tenha abandonado suas veneráveis vassouras de autotransporte, dando aí agora, para esvoaçar sentada num maçarico... (e boceja) mantido aceso, talvez, pela airosa gentileza de algum bom vento noroeste!...
Silenciei de novo agora, enfaticamente. Sempre que seja... possível fazer isso, claro. Escrevo.
Uma das mais antipáticas das minhas – e não poucas – limitações é nunca lembrar-me ONDE li e nem o NOME de quem falou ou escreveu o que pretendo citar.
E uma ingratidão e, sinceramente, leitor, espero que não aconteça isso com você também, porque gostaria que se lembrasse desse meu nome estranho.
Sim. Deve ter sido numa seleção do Reader’s Digest e versava sobre o "último maçarico”.
O maçarico é um gênero de aves aquáticas, da ordem dos pernaltas, Ou já é extinto, ou está em extinção.
O artigo contava sobre os hábitos da ave, seus caprichos, as individualidades, habitat...
Talvez não seja uma particularidade dessa espécie, mas foi no artigo referente ao maçarico, que eu soube a respeito de uma certa formação que o bando obedece, na época de migrar.
É a formação em flecha. Na ponta da flecha vai o maçarico resistente e forte; eis que o trabalho seu é o mais penoso, o mais cansativo.
Ele vai no comando, abrindo caminho!
Os outros o seguem, com menor esforço, de forma mais amena, uma vez que favorecidos pela própria movimentação do ar que, puxado para a frente, forma como que um túnel... um caminho Já aberto...!
Os maçaricos mais cansados e os mais Idosos, postam-se no final da formação.
Por um bom período, na vida de uma família, os pais são as pontas das flechas. Já vi alguns deles bem cansados, que, embora merecendo um local menos árduo, jamais puderam deixar a ponta da flecha e, alquebrados, foram abatidos pela fadiga... e, sem substitutos, na queda triste... pressentiram... o desgoverno do bando!
A impotência em forma de dor. Que modo horrível de terminar a vida...!
É Páscoa e estamos pintando uma casa.
– Leitor, nessa família isso é... perfeitamente normal, viu! – disse Bud bocejando.
– A ironia é inoportuna.
– A pintura em um dia de Páscoa, também, mas... pode continuar escrevendo. Meu filho e a esposa moraram alguns meses na nossa casa alugada em Campinas, prestando-nos um favor, quando tivemos que nos ausentar de lá.
Depois o casal, alugando uma para si, estava entregando a alugada ao proprietário... Mas... jovens de boa índole, caprichosos, quiseram deixar o imóvel como nós, os pais, o havíamos encontrado: em ordem...
Massinhas em furinhos nas paredes, cimento nas falhas do quintal; lavagem, lixamento, pintura. Estuque no forro do banheiro, onde uma infiltração havia provocado um rombo de grande tamanho...
Massa branca...
Lixa.
Pintura.
Não há pedreiros, nem pintores. Os dois jovens fazem tudo (em nosso lugar!), com as próprias mãos. Era de ver, a pequena Cristina, tão instruída, fina, a fazer os arremates nos ângulos, na mãozinha um grande pincel.
Vamos ajudar!!
Vamos lá!!
De repente, eis que todos os familiares do casal, de ambos os lados, se envolvem em frenética movimentação, entre forros de jornal (presos com fita crepe), pincéis, lixas, rolos para pintura, latas de tinta, escada e tudo o mais.
O nosso amado cão fila Peri, que circula pela casa observando isso, espantado – mas não muito – se pergunta:
– Céus, que se passa aqui?!!
Quem organiza os trabalhos, distribui serviços, recomenda a melhor forma de executá-los – e sustenta vigilância severa no controle de qualidade, é meu filho.
A ponta da flecha! Colocar esta casa em ordem com as próprias mãos tem um sentido mais profundo que pintura de paredes... é carinho pelo último teto, pelo último abrigo da família minha, completa, antes de cada um seguir o próprio destino: o filho mais velho casa-se; O mais novo, meu grande amigo, prepara-se para o futuro, na USP em são Carlos; o marido, viajando sempre; eu fico vendo navios em Santos!
A forma, pois, justa e elegante deste... feliz arremate de labor pressagia que esses jovens melhoram a edição e produzem uma colheita... bem maior que a própria semeadura!
Deus, obrigada!
Nestes momentos de pintura no dia da Santa Páscoa, eis que me chega um bom sentimento, tímido e repousante, de descontração e liberdade; de calma e sossegada gentileza, de confortável felicidade mesmo e... transporta-me para trás, para um ameno local no fundo da formação em seta... desta família que voa unida! Nada, nem nenhuma distância física dispersará o bando... que aumenta e para quem – obrigada novamente, Deus! – não existe a palavra... solidão... Se você que é pai ou mãe e não teve um momento desse – que é único, sem igual – então você tem um sentimento que é sozinho...!
Não sabe que alivio e que calor existem no coração que pode dizer!
– Meu filho assumiu... eu vou atrás, devagarzinho...
(Esta crônica eu a dedico ao meu pai, Julio Peterlevitz, que se foi deste mundo quando eu era apenas desempenada maçariquinha)

20 de agosto de 2009

O CAVALO METÓDICO

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em dezembro de 2003

Morava eu em São Carlos, no bairro Santa Paula.
Ali fiz grandes e preciosas amizades, como as fiz em Nova Odessa (alô Alcides Gonçalves Sobrinho... eu o nomeio meu diplomata a contar do carinho que tenho por todos aí); em Sumaré, recordo-me, com amor, do amigos Maluf: a Maíba, a Satute, o falecido irmão... guardo carinho especial à escola Dom Jayme de Barros Câmara, onde recolhi imenso patrimônio de sinceridades e inteligências. Em Americana, um preito de gratidão aos mestres: Delma Conceição Carchedi, Hélio Ítalo Serafino, Aparecida Paioli e um saudoso abraço a todos os meus colegas; alguns nomes ainda minha memória se nega a esquecer: Ademar Zério, Vera e Vécio Alves, Cleuza Duarte, Hélio e Vera Kasack, Orides Rosa Guerino, June Jones, Clóvis e Cleide Campacci, Edwirges Gobbo, Elvira Bárbara Marmille, Marilena Fraschetti, Maria Imaculada Pereira. Em Campinas, preciso mandar um grande beijo ao Nicolas, filho da amiga Ivone e de célebre pai advogado e um preito de saudade à Dalva de Oliveira.
Com todo esse amor, diga-me... de quê mais eu preciso...?! De nada!
Mas, voltemos a S.Carlos.
Eu morava só. Aí é que mora o problema. Você fica... xeretando... xeretando e... xeretando!
A vizinha ao lado, a co-personagem nesta história, também vivia só. Com dois negros cães labrador.
Passo agora para o tempo presente, não como se já tivesse acontecido, mas como se estivesse acontecendo.
Eu não gosto dessa vizinha. Ela também não gosta de mim. Só moramos uma ao lado da outra. Mulher é uma espécie curiosa e, ao mesmo tempo, estranha. Não gosta, não interessa mas como vive – sorrateiramente! - “Espiando”...
Essa minha vizinha queria parecer “chique”, refinada... dando uma de granfina! Pernóstica! Eu nunca a vi – imagine! – Com bobis nos cabelos. Desaforada, é isso que ela é. Não gosto de falar mal de ninguém, mas tenho cá pra mim que essa vizinha, das 5h30 às 6 da manhã, ela passa em frente ao espelho... a maquiar-se. Com aquela idade! Ridículo... de batom, sombra e blush... já bem cedo... Nesta específica manhã, quando se passa a história, eu só espiei pela minha janela, quando ouvi o ranger do portão vizinho. E lá ia a “madame”, toda emproada, maquiada e... de vestido longo... você pensa que talvez ela fosse viajar, não é? Errou. A pernóstica só ia, como todos os dias, buscar pãezinhos e leite, ali, na padaria do Cal... a 6 metros de distância! Ao voltar da padaria do Cal, nota ela algumas folhas caídas na calçada. Logo depois, eis a bruxa com a sua vassoura e... tchecckk... tcheck... tcheckk, concedeu a pernóstica algumas elegantes e refinadas vassouradas.
Aí algo de novo ocorre: PO-CO-TÓ... PO-CO-TÓ... PO-CO-TÓ!... eis que um gordo cavalo baio anda bem no meio da rua, vindo da Miguel Petroni... Longa corda suja escorria pelo chão atrás dele, e, sem pensar muito, a nossa pernóstica maquiada, de longo, toma da ponta da corda a passar por ela.
Pára o cavalo, que olha atrás, sem entender nada.
Nesse instante, eu saí, quietinha... afinal, a vizinha poderia... estar em perigo e, meio escondida, acompanho tudo... A dita cuja puxa a corda e leva de volta o cavalo para a rua Miguel Petroni, onde havia, ainda, duas mãos de direção: uma , em que carros e caminhões sobem , outra em que carros e caminhões descem.
– Naquele tempo não havia motos ainda, havia?
– Cala a boca, Bud! É uma forma de falar... bem, e não é que a granfina, de longo, faz sinal, ... pára o trânsito e puxa o gordo cavalo para a mão de direção que desce?! Onde ela pensa que vai...?
– E onde maquiada – e de longo, e o gordo cavalo vão?
– Bem, uma vez na mão que desce, ela foi puxando o cavalo, que obedece, pelo menos nos primeiros quinze metros. Daí ele passa a insinuar-se para o meio da rua, de forma que, olhando de trás, onde sorrateiramente eu estava, a cena é cômica: o cavalo no meio do asfalto, numa ponta da corda suja; na outra ponta da corda suja, a madame maquiada, de longo. Entre eles – cavalo e madame – os carros ralentam..freiam e param tudo! Hora de pico!... e o trânsito impedido na pista que desce! Caramba!
– E depois, e depois?
– Depois aconteceu o inesperado: a madame maquiada – de longo – puxa com força a corda suja, tentando trazer de volta à mão de direção, o cavalo gordo e baio... O cujo aceita o desafio e agora é ele quem arrasta a dama, na outra ponta da corda suja.
O pessoal motorizado, entre irritado e divertido, brinca irônico:
– Levando o bichinho de estimação a passear, tia?
– Eu não estou levando nenhum bichinho...
– Então é o seu bichinho que a leva!...
– Ele NÃO é meu...
– Não vai dizer que a senhora roubou o cavalo!...
– Ora, seu...!!!
Nessas alturas, o trânsito libera-se para quem desce.
A situação aqui de trás já é outra: o cavalo baio está na calçada, numa ponta da corda suja; a dama, maquiada – de longo – no meio exato da rua. Entre os dois, a corda suja.
Trânsito impedido para quem sobe. Entre insistentes buzinadas e gracejos, a cuja madame é arrastada para a calçada.
O cavalo – metódico – faz a trajetória toda, para ir... coçar-se nas ripas de madeira suporte de cartazes, no grande espaço vazio em frente ao Arco Íris.
Mão de trânsito que sobe... liberada!
– E depois?
– Depois de saciar a... coçação, o baio desce pelo asfalto, na contra-mão, arrastando a dama maquiada – de longo – até um grande e verde capinzal, onde passa a saborear a grama fresca – e orgânica !
Nestas alturas, chega uma emissora de televisão, querendo saber tudo sobre o pitoresco fato.
– Como não? Digo eu. Olha, a pessoa que sabe de tudo é aquela desgrenhada, recém amanhecida, relaxada, cabeça cheia de bobis, roupão desbotado, chinelos de dedo... que vem, sorrateiramente, alí atrás... SÓ ELA pode ser a dona do baio. Quem mais sairia desse jeito à rua, não é... se não tivesse fugido o seu gordo cavalo baio??!!

CAVALO JÁ FAMOSO

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em dezembro de 2003

Nestes últimos dias, ocorreu comigo um fato inusitado: muitos e-mails e ligações telefônicas de conhecidos, desconhecidos, amigos e inimigos, daqui de São Carlos e região. Pessoal curioso taí! Olha, entre outros, por várias vezes, ligaram estes. Juro! Eu não minto nunca: O Paulo da florescente Editora Rima, o gentil Márcio da Casa de Carnes S. Paula, de dois ou três... não sei de onde... nem me lembro dos nomes; a Vera e a Márcia, da querida, honesta – gentil com idosos - família Okino... o meu querido Luiz... Todos ligam perguntando a mesma coisa; o sr. Arnold Schimid, da imobiliária, a maestrina querida Luba Dodonova, a nossa preceptora espiritual, Maria Guimarães, plasmadora do bom físico e do bom espírito, à luz dos milenares princípios da yoga, aí na Cidade Jardim... nunca esquecerei a voz magnífica do esposo dela, o Francisco da UfsCar... com quem cantei “O canto do Pajé”... ó manhã de sol, Anhangá fugiu, Anhangá, he! hê!!....
– Você é uma neurótica dispersiva! Continua o assunto, pó!
– Concordo, Bud (cá entre nós, leitor, o Bud foi um interlocutor que eu criei... num dia de mau humor). A maioria quer saber, por quais cargas d’água, aquela madame pernóstica, maquiada, de longo, a minha vizinha, de repente, se pôs... a pegar a ponta da corda suja que escorria pelo asfalto, puxada pelo cavalo baio. A corda, não a vizinha. Preste atenção.
– Espere aí! Há algo de errado com os seus tempos verbais. Porque lá em cima, usou o verbo “ocorrer” no passado e logo depois mistura tudo, com o “quer saber”, no presente?
– Bud, imagine esse pessoal curioso só conseguindo a explicação lá por abril de 2008, depois de Cristo? Até aquele dia, quando ainda não sabe, continua... querendo saber.
– Bom, mas até aquele dia o cavalo já morreu!
– Será no dia primeiro de abril...! Satisfeito?
– Nem um pouco... porque a maquiada pernóstica pegou a corda suja? Qual o pragmatismo disso?
– Aí é o começo desta... escrita. Também eu fico muito curiosa por uma explicação e faço algumas... digamos pequenas “investigações”. O então marido da madame maquiada, de longo, trabalhava numa empresa em zona rural de Nova Lima, em Minas Gerais. Ali se chegava por uma uma estrada sinuosa, mão dupla, com deliciosa e densa neblina convencional de inverno.
Um verdadeiro perigo! Vai daí e não é que o esposo amado atropela uma valente e musculosa vaca?
O carro – em desgoverno – desfalecido o motorista, logo cai numa ribanceira, parando ao atropelar... como se chama... como se chama...
– Outra vaca musculosa?
– Não! uma árvore! Figueira da Índia!
– Morreu?
– A árvore?
– O marido!
– Calma, Bud. Deixe-me falar sobre a inocente vaca primeiro. Ela é literalmente esquartejada (com essa eterna falta de dinheiro!) e, segundo o Boletim de Ocorrência, “toma rumo ignorado.” O marido, não esquartejado, e bem menos inocente, acaba com apenas 52 pontos em cada sobrancelha! Não é uma injustiça?!
– Agora sim, eu entendi! A sua vizinha maquiada, traumatizada, agiu impensadamente, ao tentar retirar o cavalo do meio da rua!
– Nem por sonho! Conhecendo-a, posso nomear, no mínimo, quatro outros motivos: na rua José Duarte de Souza não há ribanceira em nenhum lado; não havia qualquer densa neblina; o marido nem estava em São Carlos; ela queria “economizar” o cavalo para uma propícia oportunidade!
– !!!??+&*%$#@ponto com.

19 de agosto de 2009

O Fantasma I e II

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em dezembro de 2003


O FANTASMA I

Era um cemitério meio tétrico aquele.
Velhos muros, velho portão de negra madeira já desbotada. Altos ciprestes... o mar atrás... uma pequenina cidade do litoral paulista, em que se alimentavam velhas histórias e estranhas.
Nas noites de tempestade, com raios, relâmpagos, trovões, aquilo tudo era amedrontador. Às vezes aqui era iluminada uma velha sepultura carcomida... às vezes era a cruz que parecia ter olhos grandes, boca desdentada, a fazer caretas desafiadoras... ao relâmpago! Entre sombras lúgubres, a luz imprecisa e estranhos sons do mar que, estarrecedor espumava, figuras movimentavam-se, sorrateiras, por, entre os túmulos de pessoas há muito partidas deste mundo!
Tendo como paisagem esta velha cidadezinha, os habitantes que se conheciam todos, o cemitério perto do mar... fatos passavam de geração a geração.
Histórias sussurradas em noites em que o vento curvava fortemente, em silvos e lamentos, os ciprestes do cemitério...! Uma delas, que me impressionou muito, foi esta de que até hoje se fala:
Numa noite muito quente, de verão, um casal já de idade revira-se na cama. O calor os incomoda. Está úmido demais. O ar falta. Lá pelo meio da madrugada, resolvem sair, andar um pouco... pela praia.
De mãos dadas, como era costume deles, devagar, em silêncio quase, caminham... uns quinhentos metros...
De repente, ela pára, estarrecida, boca aberta sem sair som... olhos esbugalhados! Aponta com mão trêmula, um local onde o mar efetua uma grande curva, avançando pela praia. Paralisados pelo medo, nem saem do lugar, olhando um imenso vulto branco de três metros que parece sair das águas naquela curva! E caminha em direção a eles...! Havia começado a ventar... a imensa figura de branco foi chegando... foi chegando, como a flutuar, a cabeça encapuzada e as vestes longas, até o chão sacudidas de forma fúnebre pelo vento!!
Era... fantasmagórico! Tremendo demais, o pobre casal viu o sobrenatural ser perto... bem perto e o silvo dos ciprestes parecia agora vir daquela criatura sobrenatural. Passa por eles, parece até que inclina a cabeça, num cumprimento e segue... a caminho do cemitério. Ali, seguida pelo estarrecido olhar de ambos, simplesmente... o vulto de branco entra pelo portão do cemitério! Portão fechado!...
O fato correu veloz de boca em boca e ninguém mais ousou sair, mesmo em noites de grande calor, a passear! Ao começar o vento, de longe, algumas cortinas eram puxadas e conta-se que foi o vulto branco visto, por várias vezes, a surgir lá longe, naquela curva, onde o mar avança mais na praia...
Fiquei desafiada a compreender aquilo e resolvi desvendar o mistério do enorme vulto branco, roupas a esvoaçar.

O FANTASMA II

Há que se recordar que a sobrenatural criatura, que motivou a publicação do FANTASMA I, aparecia, com roupas brancas esvoaçantes, vinda de uma curva do mar, ao longe... assustando a todos naquela cidadezinha antiga, com estranhas histórias sussurradas em noites de ventania. Ela “entrava” pelo portão fechado do cemitério tétrico, rodeado por altos ciprestes que, dobrando-se ao sabor dos ventos fortes, emprestavam sua lamentosa voz a essa aparição... fantasmagórica, a vir de longe, rosto encapuzado, seus três metros cobertos de branco, de cima a baixo!
Foi quando o caso mereceu minha atenção e resolvi fazer pequenas... investigações. Acabei travando conhecimento com muito do pessoal do lugar e encontrei exemplares de gente boa, simples, inteligente, não muito inteligente... a maioria muito religiosa.
O relacionamento com Deus era mais para Moisés que para Cristo.
Fé nos santos? Admirável. Todos eram devotos de algum beatificado.
O estranho é que, ao se tocar no assunto da aparição do enorme e inexplicável FANTASMA... cada um logo se benzia, preferindo calar-se, como se aquele fato representasse um “castigo” à pacata, antiga e pequena cidade do litoral.
Já um tanto apreensiva, absorvendo os sentimentos cristalizados ali e por eles influenciada, quase com... medo de... sentir medo estava.
Ora, vamos lá, seja o que Deus quiser.
Deus?
Noite quente. Já pelo meio da madrugada. Visto-me de preto, para mimetização... carrego uma escada... até o cemitério.
Reconheço-me um tanto trêmula. Encosto-a no muro. Galgo o muro. Recolho a escada e descemos, as duas, dentro daquele amedrontador local, cheio de sombras...
Começa a ventar; coloco-me em posição de, escondida, espiar a curva da praia aonde surgia o paranormal.
Espero e espero... de repente, algo branco lá longe!
Roupas brancas esvoaçantes, cabeça encapuzada... a coisa vem vindo, devagar, na direção do cemitério!
Meu coração vai aumentando de ritmo, à medida que a figura – imensa! – Branca da cabeça aos pés se aproxima...
Desço da escada e coloco-me abaixada atrás de um túmulo, de onde podia ver só a parte de cima do lúgubre portão...
Eis que o FANTASMA chega... e passa o portão! Santo Deus, pensei eu, atropelada, se essa coisa entrar agora numa cova, amanhã quem entra noutra serei eu! Só com o olhar, sigo a enormidade, que pára em frente a um túmulo...
A roupa branca cai, escorrega para o chão, da cabeça aos pés e... desaparece a coisa, some! Não vejo mais nada. Estou com o coração na boca!... mas continuo olhando... ouço barulho de madeiras que se tocam... será de um... caixão?! A roupa branca forma um rolo, sobe do chão e começa a andar...! Passa por mim uma altíssima figura – de preto – trouxa branca debaixo do braço... ANDANDO sobre aquelas imensas pernas de madeira, com degrau no meio, para subir ou descer!!! Com essas enormes pernas de madeira pula o portão...
Aí tenho uma idéia brilhante: tomo da minha escada, corro bons metros por dentro, encosto a escada. Passo para o lado da praia... a figura, agora de tamanho normal, carrega as madeiras no ombro, trouxa na ponta...
– Boa noite! Falo eu, com voz grave e enrouquecida.
Surpresa, a moça responde:
– Boa noite! Interessante, a sua é a primeira pessoa que encontro... não tem medo, não, de andar... pelo cemitério na madrugada?!
– Quando eu era viva Ô, se tinha!!
Com tamanha disparada, logo o mar ensopou o enorme lençol branco.
Agora... as pernas de madeira... fiquei comigo!

18 de agosto de 2009

Meu Dentista me faz Massagem no Bumbum!!!

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em outubro de 2004


Minha “companherada” esta crônica eu já havia enviado a alguns jornais... quando a “coisa” teve início...
Recebi meia dúzia de três ou quatro milhares de ligações telefônicas e mais meia dúzia de três ou quatro milhares de e-mails.
Toda essa meia dúzia de três ou quatro milhares de ligações telefônicas e mais as meia dúzia de três ou quatro milhares de e-mails... eram de mulheres.
Mulheres... mulheres, que gostam de homem. Coisa mais que natural, desde o escândalo de Adão e Eva. O famoso e idoso “pecado mortal”.
Eu acho, cá com meus botões, que Adão e Eva fizeram o certíssimo, o lícito, tudo explícito e muito lídimo!
Note, “companherada”, que hoje estou esdrúxula, usando e, não só, abusando de palavras proparoxítonas – ou esdrúxulas. Explico: esdrúxula é a palavra que tem acento tônico na antepenúltima sílaba e que ganha, de presente, um acento gráfico.
Todas elas, democraticamente, fazem isso.
Com as pessoas – preste atenção – não funciona assim. Por exemplo, não são todas as pessoas que têm assento no Senado, que têm assento no trono das Prefeituras, que têm assento nas Câmaras de vereadores que são esdrúxulas. Algumas são boas, mas, em compensação, a maioria é mesmo proparoxítona – ou esdrúxula!
Você já descobriu que o português é rico. Tem assento e acento.
O brasileiro nem tanto.
Explico: acento é na palavra; assento é onde você bota o bumbum a descansar.
Ah! sim, falávamos de bumbum. E de todas as meia dúzia de três ou quatro milhares de ligações e de e-mails. Inteligente como você é... aposto que já adivinhou o que é que esse mulherio todo pretendia, não é?!
Lógico! Queriam o nome e o endereço do meu dentista!
Deu um trabalho de meia dúzia de três ou quatro horas o responder a todas. Mas... paciente, caprichosa, disciplinada como sempre fui, escrevi, a cada uma e a todas, a resposta que vai logo abaixo, porque calculo que todas nós merecemos massagens...!
RESPOSTA: “Meu dentista, de mãos suaves de artista, tem um bonito nome: Dr. Rodrigo Mazo Orlandi. Com apenas 29 anos, nele há um charme especial, que distribui em seu consultório, a Av. Carlos Botelho, 1113”.
Calma, mulherio!!! Não precisa ir correndo todo mundo junto!! Ele tem para todas!!
Basta marcar hora.
Aí você chega. Está nervosa e emocionada, com a perspectiva de uma inusitada e inédita aventura.
Ele, lindo, de mãos macias, a recebe e você se acomoda naquela cadeira onde todos têm medo do motorzinho.
É justamente um outro – o segundo – motorzinho, acoplado à cadeira, que promove a cuja massagem, nas coxas, no bumbum e nas costas.
Uma delícia e você fica... calminha... !...
Aí o dentista faz tudo.
O que precisa, lógico.
- Alô!! Fala mais alto!! Não ouvi muito bem...!
- @#$%&&**&&%%$$##@@????????!!!!.........................................
- Õ... sua biltre, de mente entupida de maldade!! Vai VOCÊ pro inferno, sua maliciosa!! O que é que você queria, hein? Hein?! Que meu dentista lhe fizesse massagens e... ainda por cima, no seu bumbum?? Pervertida!! É só esse tipo de coisa que sua mente capta... sua... mentecapta?!
Aí em Nova Odessa, aposto que o “staff” excelente que, por ventura, descender de meu amigo e dentista Dr. Paulo Nivaldo Thienne... aposto que também faz isso, com maestria.

Nota filosófica: com tantos dentistas, eu já deveria ter, no mínimo 144 dentes, só em cima.
Tenho dois.
Um embaixo.

17 de agosto de 2009

Zé Manquinho e o Velho Bode

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em janeiro de 2004


Era uma dessas gloriosas manhãs de domingo, um dos últimos.
Apressada, levanto-me e, sem tempo para dançar o costumeiro forró, mas sem dispensar o prazer de minha alma em ouvir algumas músicas sacras, capricho na vestimenta, no penteado, na colônia... “acho que vou usar uma daquelas sapatilhas pintadas à mão pela amiga Daisi...”.
Tudo ultimado... um último olhar em frente ao espelho... finjo que está bom, embora saiba que... de vestido indiano ou de camisolão roxo com grandes bolas brancas... dá tudo na porcaria de sempre!!
Bolsa a tiracolo, saio e... maravilha! Justinho agora, meu vizinho Ariovaldo vai ao centro, para o costumeiro cafezinho na Dona Júlia.
– Me dá uma carona até a cidade?
– Lógico e... onde vai a madame, logo cedo e toda feliz?!
– Trabalhar!!
Um tanto desconfiado resolve ele, sempre cavalheiro, levar a “dama” até o destino final: um grande salão, uma grande cozinha, à rua Vivaldo Janzoni, quase ao lado do Obreiros do Bem I.
Ali, minha amiga, a culinarista Angélica apresenta-me a ajudante-em-chefe Joana.
E nós três, em ritmo frenético, aprontamos um bom lanche que irá acariciar os estômagos de 50 estudantes de um ramo do curso de Fisioterapia, na Universidade Federal.
Entre o aprontar o suco de maracujá, o café, os bolos de fubá, brigadeiros e beijinhos... delicioso aroma invade tudo! Eram formas e mais formas de incríveis pãezinhos de queijo... hum... HUUUUUMMMM!!
Já babando e rindo fácil em meio a esse delicioso rebuliço todo... eis que a Joana se revela possuidora de alto pique misto à alegria de viver e de trabalhar:
– Sabe, Daidy, eu cresci em fazendas... amo animais e plantas! Sabe, quando eu tinha 12 anos, um parente arrumou-me emprego na fazenda do Zé, apelidado de Zé Manquinho, porque... ele mancava; muito mesmo. Olhe, uma obrigação minha era de levar, pela manhã e à tarde, ração aos porcos; hoje eles atendem pelo nome de suínos. Veja você – que desaforento! – não é que, niquique eu enchia o balde, colocava na cabeça, aparecia, vindo não sei de onde... um imenso bode velho, escuro, com manchas marrons. Danado de esperto, olhando-me desafiador, como o possante touro olha o magrinho toureiro... ele – desgraçado!! – tomava impulso... catapan... catapan... catapan... catapan... vinha correndo e, com grande alarido, punha-se nas patas trazeiras e as dianteiras – catapimba!! – derrubavam nós dois: o balde e eu!! Cheia de medo, corria, desarvorada, enquanto ele devorava, vencedor, toda a ração do balde!
Isso aconteceu uma, duas, três, quatro, cinco vezes...até que cheguei no Zé Manquinho:
– Ô... seu Zé! Assim não vai dar não! Eu apanho do grande bode velho duas vezes por dia; ele engorda; o porco definha...!
– Olhe, Joana, faça um bom reio! De couro bem grosso e forte!! E dê boas lições ao velho bode malandro!
E dito e feito! Uma longa e dura tira de couro grosso, cabo de madeira. Juro que até treinei um pouco a pontaria. Hoje aquele desgraçado me paga!!
Com vagar e cuidado, de olhos bem abertos, pisando leve, enchi o balde. Sondei aqui, ali, acolá, olhei, com o rabo do olho à esquerda... à direita... à procura de saber aonde é que se escondia o bode malandro... até que percebi um vulto escuro, agachado, na penumbra, numa esquina do paiol. É agora!! Dei a volta, sempre pé ante pé, para chegar na esquina vizinha e vapt-vupt, mandei, com todas as minhas forças, a maior reiada que um bode velho já levou!!!
!!!...??? Só que... não era o bode!!!! Era meu patrão Zé Manquinho a consertar alguma coisa junto ao chão...!!
O vergão, acho que ele tem... até hoje! Eu, demitida; o bode velho... o vencedor.
Leitor... estou gostando muito desse “trabalho”. Um abraço à Joana, à Angélica... ao Zé Manquinho, naturalmente. E... ao bode velho malandro, medalha de vencedor!!!

16 de agosto de 2009

Só por desaforo!

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em janeiro de 2004

O ser humano é incrível! Ele acredita em balelas e em mentiras das propagandas tendenciosas e em promessas de alguns políticos... já profissionais (graças a Deus que a maioria deles, agora, é boa) e não acredita nas muitas verdades que eu conto. É certo que, às vezes, eu aumento um ponto... mas é por conta da imaginação que voa...!
Esta verdade aqui aconteceu, tal e qual, em Campinas. Morávamos na Chácara Primavera, Taquaral, com nossos dois abençoados filhos e mais três famintos e fiéis cães. Depois, mudamo-nos para o Botafogo, numa linda casa (até hoje tenho saudades dela, tão cheia de armários por todos os cantos onde... onde cabiam armários), porque era vizinha do local onde eu trabalhava.
Tudo ia às mil maravilhas, quando algo começou a... não ser maravilha. Já na primeira madrugada, pelas quatro e meia, o meu telefone – com número novo – grita forte, atrapalhando o silêncio:
– Trrruuiiiimm...!!
– (Quem será que morreu??!) Alôôôuu!
– É aí que tem... a melhor carne?
– Ora “seu”... a melhor carne é da sra sua...
– Calma DONA!!
– Madona é a sra mãe da sra. sua mãe, viu... seu malcriado!
– Calma... sra!... eu só quero comprar carne...
– E isso aqui tem cara de açougue?!
– Claro que não! Açougue é aqui; aí é um pequeno frigorífico!
– Jamais! Aqui é minha linda “residance”.
– Que azar! É abri ontem o açougue, venho de outra cidade, só com esse número de telefone fornecedor; não conheço nada...
– Bem... (coitado!) vou dar-lhe uma ajuda. Passe o pedido e o número do seu telefone. O sr. receberá as carnes.
– 50 quilos de carne de primeira e 150 de carne de segunda; o meu número é: 333 44444.
– Interessante... boa sorte! (arre... agora vou é fazer um delicioso café, na minha casa nova!).
Apenas me sentei para uma gloriosa xícara... e lá estava o telefone gritando novamente.
– Alôôô!
– Anote o pedido da carne.
– Ô... seu malcriado! Nem bom dia? O sr. sabe com quem está falando?!
– Com a empregada do frigorífico, pô!!
– Não e não! Sou a dona desse telefone e escritora.
– Minha santa Edwirges, protetora dos endividados! Porque é assim que eu vou ficar... porque serei demitido... porque o pedido já era para ontem...!
– (Coitado!) Bem, olhe o sr. já é o segundo. Como vou passar pedido do “outro”, farei o seu também . Dê o telefone e os quilinhos de carne.
– Muito, muito, muito obrigado mesmo, gentil sra. Meu telefone é 444 33333.
– Número interessante! O sr. receberá, por esta vez, as melhores carnes, assegurei, depois de anotar o pedido.
O 102 informou-me o novo número do tal frigorífico de mau gosto “A melhor carne”. De mau gosto também achei o nome do cujo proprietário “Zélio”. Não gostei. Lembrou-me a tal da ministra Zélia, (que namorava o tal de Cabral ), de quem eu não gostava também... mas, deixe pra lá! Fato é que expliquei ao Zélio que o antigo número dele era meu agora e o pessoal estava fazendo encomendas a mim. “É que as guias de remessas, notas fiscais e embalagens... tudo ainda tem aquele número” disse-me ele, pedindo-me um pouco de paciência, que faria ampla divulgação para corrigir a mudança.
Só que... o tempo foi passando... passando os pedidos eram inúmeros. Às quintas e sextas-feiras, choviam eles de todos os cantos: açougues, supermercados, sítios, condomínios, chácaras, fazendas, clubes... era uma churrascada sem fim...! E... o Zélio, acomodado, tinha mais eu de funcionária e... sem pagamento! Desaforo!
Cansei-me, pô!!! E... só por desaforo, anotei todos os pedidos, concedendo um especial desconto de 25% nas carnes, em comemoração ao aniversário – por mim criado – do frigorífico.
Essa montanha de carnes deveria ser entregue na sexta à tarde e, no mais tardar, no sábado, até às 9h30.
Não passei pedido nenhum.
Na sexta-feira, lá pelas três da tarde, liguei a secretária: “infelizmente, não podemos atende-lo neste momento... porque... neste fim de semana, o churrasco é meu!! Só por desaforo!”

15 de agosto de 2009

O Consórcio

Postado por Agnaldo Vergara
Est texto foi publicado na Internete em dezembro de 2003

Acho que hoje vou falar de outra coisa. Nada de Lula, nem do Genoíno e nem da língua “plesa” do Palofi, que participa dessa dupla dinâmica Nada da Guerra do Iraque.
Acho que esse pessoal “todo” está com... certos conflitos...
Vou falar de irmã para irmão, como o é você, leitor e internauta.
Gostaria de lhes contar “um causo”. Acontecido. De verdade. Não é lorota, como as notícias que nos chegam do Oriente, em que cada parte fala a verdade que lhe serve. E falta comida e água para todos!
Você sabia que há três verdades no mundo, e que servem para cada um de nós, particularmente, também? Uma: como você a vê (ou se vê); duas: como ou outros a vêem (ou vêem você)... e três:
A VERDADE, tal como ela é!
Minha santa mãe (Deus a tem), faleceu em 1988. Em Nova Odessa, (fundada pelos Botelhos que, 65 anos, haviam fundado a minha cidade de hoje: São Carlos!) Eu não sabia sequer quanto custava um funeral.
Não! Funeral é de rico! Para nós e enterro mesmo!
Fui saber, em Americana... voltei, absolutamente assustada! Uma fortuna!!
Graças a Deus, havia um santo tio empresário, que pagou tudo.
Dei graças a Deus, também, quando pude comparecer à magnífica festa do último aniversário dele! festa promovida pela sua santa Irmã (uma entre a irmandade de doze!) Após missa solene, jantar delicioso... eu dancei com ele! Dancei com meu velho tio, freqüentador assíduo dos “Veteranos” de Americana.E foi... a sua última valsa!!
Confesso que, sempre otimista e bem-humorada, em vez de pensar em morte e seus custos, comecei a estudar “Medicina Alternativa”, de modo a prolongar a vida e dar tempo de, formados os filhos... juntar dinheiro!! Mas... minha inteligente irmã Nancy resolveu de outro modo. Discreta, como sempre, calou-se a respeito. Nisso, eu e minha santa irmã Nancy, somos muito diferentes.
Ela fala de menos; eu falo demais, extrovertidamente, e, quase sempre, levada por impulso emotivo momentâneo. Assim, quase nunca tenho razão!
Bem, aí faleceu o santo pai dela, meu santo padrasto Ricardo.
Eu quase não acreditei quando ela afirmou: “Já providenciei tudo.” Como “tudo”, pergunto.
“Reparti em vezes”, responde. “Tem certeza” pergunto. “Sim”.
Eu falo com ela duas ou três vezes por semana. Telefone. Ela não tem, ainda, computador.
Foi ontem que ela me ligou: “Alô”, diz ela; “Sim”, digo eu e... depois das convencionais frases do tipo: “É verdade que sua terceira dentição inferior está dando problemas, com tudo inchado”, pergunta. “E que problema! Está tudo balançando mais que a ponte Rio-Niterói, em tempestades!”, respondo eu. “Usa super-corega”! os irreverentes dentes postiços ficam todos, quietos e imóveis... por oito horas!”, diz. “NããOO!! Digo eu. “SIIIMM”, reitera ela. “Vou buscar” já reitero eu! Agora passo para o discurso direto:
– Mas, qual é a finalidade de seu telefonema, enfim?
– É que... que... é que... bem...
– Desembucha logo, pô!!
– Sim... sim... é que, depois da morte da mãe, eu fiz... um consórcio de defunto e...
– Você fez O QUÊ??
– Consórcio. Sabe, aquele tipo de contrato que a gente vai pagando cada mês o produto que compra... (ela se dispôs, então, a explicar-me tudo com detalhes), que eu não ouvia! porque, estupefata, do outro lado do fio, imaginava, calada... acho que foi a única vez em que só ela falou e eu... só ouvi...
– Você está ainda aí?
– Lógico! E sei, muito bem, como funciona um consórcio!! Só que me perguntava se foi esse o motivo de você pagar, sozinha, o enterro do nosso pai...
– Justamente.
– Então não estou entendendo mais nada!
– É que... o consórcio que eu fiz, desde 1988, é para dez defuntos.
– QUANTOS defuntos??!!
– Dez. E... durante todos esses anos... você foi pagando?? Pelas flautas do Anjo Gabriel e, ONDE, criatura, você botou todos esses dez caixões... ? Não os teria, por mero acaso, uns sobre os outros, “acomodado” na garagem da antiga casa da nossa mãe... ou na Fazenda Flórida, dos Vaughans, em Sumaré... teria... ?!!
– Não. Mas...
– UM MOMENTO!! (digo eu, autoritária) Tenho mais uma... perguntinha: como escolheu o tamanho dos caixões? Sei que você, inteligente como o é, deveria ter escolhido um cumprimento de caixão de, no mínimo dois metros, porque assim, numa altura média de 1,80m, sobrariam dez centímetros nos pés e dez na cabeça. Para encher com muitas flores e, talvez, até um sanduichinho de atum. Sabe, no antigo Egito, muitos alimentos eram colocados...
– Nada disso. O caixão é de acordo com o tamanho específico do defunto e...
– Fico mais sossegada! detestaria ver um defunto nosso, no cemitério, ser espremido e comprimido num mini-caixão, com todo mundo sentando em cima, para poder fechar a... dita cuja da mala de... viagem... !
– Nada disso.
– Ótimo!! Então vamos começar tudo de novo: qual a razão de seu telefonema?
– É que já tenho nove... inscritos. Gostaria de saber se você... não estaria interessada em... em... em...
– Ah bom!! Já entendi! Você já tem nove defuntos e está à cata do décimo. E quer que eu seja suplente à essa vaga, antes que algum mais próximo candidato à defunto, lance mão dela? “Isso”, me responde ela. “O que me será oferecido”, pergunto eu.
– Tudo de primeira, confortável, acolchoamento lateral soft, espelhinho na tampa, NÃO!!... no... teto... travesseiro...
– Quero dois! vou levar minha língua junto, pô!!
– Travesseiros... perfumados, com o “Heure Intime”, de que tanto você gosta. Aí pergunto eu: “Heure Intime do Paraguai ou... de France? “De France”, responde ela.
– Aceito!! Agora, minha santa irmã Nancy, vai me desculpar pelo excessivo tempo desta ligação? Eu sempre falo muito!!
– Não há problema, eu fiz... a cobrar, não se lembra?
– Olhe, vai pro inferno!!
– Muito improvável! Depois que você chegar lá... não vai mais haver vaga pra ninguém!!!

14 de agosto de 2009

A FACA ITALIANA

Postado por Agnaldo Vergara
Meus amigos, eu tenho que postar esse texto da Daidy que foi publicado na Internet em dezembro de 2003 porque ele é impagável, eu sou testemunha ocular do estrago, eu ví o guarda-roupa e reafiei a faca.


Meu doce consorte tem ido à Itália algumas vezes, a negócio, mas... sucumbindo às tentações, acaba comprando objetos cuja aquisição não estava programada e, a rigor, nem sequer era necessária.
Numa destas viagens, trouxe ele algumas lindas bolsas, salames, “funghi” secos, licor Amaretto de Saronno, meio quilo de pó de café (de tal qualidade que nenhum brasileiro jamais sonhou em tomar aqui!), purê de tomates etc.
Trouxe também uma grande faca!
Extra "qualitá". Marca Bufalo. Na verdade, fabricada na Alemanha. Cabo de madeira escura; bem acabada; três rebites dourados.
Uma jóia de arma, digo, de instrumento cortante culinário.
Ah! A lamina vem protegida, de cabo a rabo, por uma capa dura, preta, todinha estampada com o logotipo do fabricante.
Um verdadeiro luxo!
O estranho é que esse bem nascido objeto passou a receber um cuidado, um mimo, uma paparicação que, se me contassem, eu não acreditaria.
Ficar molhada, no escorredor de pratos, junto com as outras mortais talheres? Nem por sonho! A santa faca não!!
..."Não a deixe ficar molhada!."Exclama logo meu doce consorte .
...“Coloque a proteção.”
...“Não aponte lápis com ela!”... Recomenda-me ele.
Olha, leitor, com perdão da palavra, a faca virou um... verdadeiro cocozinho...! Haja!!
O... estrelato dela começou já na alfândega italiana quando foi seu talento descoberto por um detector de metais.
– O que o sr. vai fazer com uma faca deste tamanho? Perguntou-lhe o agente funerário, digo alfandegário.
– Matar minha mulher! Respondeu. Por uma dessas ironias da vida, não teve crédito quando, num arroubo de consciência, falou a verdade. E remediou, escondendo a falha: “Enquanto a oportunidade não aparece, vou cortando este salame aqui”.
Quando se muda de casa, normalmente há alguns probleminhas de... colocar móveis robustos em cômodos não tão robustos nas suas dimensões. É um caso sério. A minha “diferença” sempre foi um guarda-roupa de marfim, grande, imenso, destinado a durar 500 anos, pesado e – eis o problema – ele está acostumado a tomar o maior espaço possível do cômodo!
Desta feita, quando mudamos para Santos, o meu quarto foi a vítima em ter que abrigar o... dito cujo, de estimação, presente dos sogros.
Experimenta aqui, experimenta ali... aqui não cabe, lá também... não!
Pudera! É... grande como... um guarda-roupa.
Finalmente. O lugar onde menor dano ao espaço útil ele causaria era encostado à parede que faz limite entre o quarto e o terraço.
Só que, com ele ali... a porta para o terraço não se fecha por completo. Ele tem no alto uma borda saliente – ele é todo saliente!!
A porta chega até ali e empaca, a... dez centímetros do batente. por onde entra um vento violento em dias de tempestade além de um vento constante, encanado, e cortante, próprio dos andares altos.
De tanto que reclamei e insisti, magnanimamente permitiu-me o doce consorte que se providenciasse a "poda" do final da borda superior da tão veneranda e vetusta peça.
Ia-se mutilar esse respeitável e verdadeiro vagão de marfim, mas, entre as alternativas que apresentei! "Ou eu ou ele", o pobre homem teve que preferir-me, embora eu jamais tenha conseguido avaliar a sinceridade da escolha.
Bem, assim que ele viajou para o trabalho, resolvi eu mesma – e confesso, com certo prazer – efetuar a "poda" daquela desafiante e autoritária peça.
Era apenas uma grande lasca a ser tirada.
Só!...
Primeiro, usei uma faquinha de frutas, com cabo de plástico.
A peça resistiu por completo!
Usei a faca serrada de pão.
Consegui apenas duas tirinhas finas de madeira e nada mais
Empunhei uma faca um pouco mais possante.
E depois outra. E mais outra, de modo que, assim, fui obrigada a experimentar todas as facas de casa, incluindo as pensionistas e aposentadas por tempo de serviço.
Mas... o trabalho não progredia!
Voltei à cozinha e abri a gaveta.
Lá estava ela, possante e poderosa, em completo estado de repouso, desafiando-me mesmo...!
Afinal, era a... protegida do meu marido! Entre o ciúme e o despeito, empunhei-a!
Desencapei-a!
... E... visse leitor, como o trabalho progrediu!
Em menos de uma hora e com apenas duas bolhas na mão, eis que a grande saliência no chão... jazia, em mil lasquinhas! Finalmente, a porta fechava-se a contento. E eu, contente, estava livre do vento!
Lavei a faca, direitinho. Sequei-a. Encapei-a. Guardei-a.
Meu doce consorte, por minha sorte, não sabe de nada.
Céus...!
Olhe aqui, caro leitor você é minha testemunha. Se eu morrer de morte violenta, por exemplo... a facadas! chame a Polícia, se ainda existir ela, e conte-lhe tudo. O crime foi premeditado!

13 de agosto de 2009

Vou mudar-me para o Chile!

Postado por Agnaldo Vergara
(Texto publicado pela 1ª vez na Internet em dezembro de 2003)

Nessa semana que se finda, vi na TV uma belíssima reportagem (ou documentário), sobre o Chile Que coisa mais linda! Ótimo nível de vida, pessoal contente e feliz, passeando por feiras livres que fariam inveja, pela qualidade e abundância de cores, frutas deliciosas, convidativas, acho que até ao Busch. Fiquei, literalmente, babando!!
Vou morar no Chile, decidi, firmemente!
Comecei a pensar em como desfazer-me de todas as “tranqueiras” que tenho: minhas (telas de arraiolo) e as demais tranqueiras que perfazem cerca de 45 caixas a abarrotarem o meu “quartinho”, ou “edícola” que fiz, toda ela de tijolinho à vista, do mais refinado tipo, o “batovi”. Acho que somos uma família de exigentes”.
Bem, tudo planejado, vou morar no Chile!
E os artigos nos jornais? Pergunto.
“Que se danem” os artigos , respondo! Não ganho nada com eles, em dinheiro.
Bem com todo esse “filosofar”, acabou chegando a fome: vou comprar pronto ou vou fazer? Comprar pronto é sempre um dilema: o pessoal não usa o “azeite extra-virgem”, como convém à saúde.
Vou fazer em casa mesmo. Aí, ligo pro Márcio, dono da Casa de Carnes Santa Paula:
– Márcio,você poderia mandar-me um quilo de carne moída, de primeira?
– Posso, d. Daidy!
– Olha, já que você vem aqui, poderia pegar, aí no vizinho sacolão da minha amiga Bernadete, um quilo de tomates para molho, bem madurinhos, duas cebolas de tamanho médio, um pé de alface orgânica, seis cenouras, um salsão, um quilo de batatas...
– Só isso? Pergunta o Márcio.
– Só isso. Não só isso não!! Respondo eu.Você pode passar ao no supermercado Arco Íris e comprar meio quilo de pó de café?
– Posso.
– Posso lhe dar um cheque para... hãm, daqui a dez dias? Você sabe...
– Sim, eu sei.
Dali a pouco, chega meu amigo Márcio. Com tudo: cebolas, cenouras, tomates, carne moída, salsão, batatas, pó de café, e, principalmente, com sua grande simpatia e amizade.
Eu estranho:
– Márcio, você está careca??!
– É, mais ou menos...
– Acho que mais do que menos! Bota aí um boné xadrez, daqueles que os ingleses usam... você é lindo, limpo, de olhos translúcidos... uma pessoa e tanto!! Emagreça cinco quilos.
Chega a noite, vou andar um pouco no kartódromo. Vejo a Cleide, o Chico, a Maria e uma porção de pessoas a quem reconheço, cujos nomes desconheço.
Apenas... somos. E somos!
O Zorro me acompanha, sempre feliz, (acho) abanando o rabo!
Quando volto a arrumar as malas, para mudar-me para o lindo Chile..., paro um momento a pensar ( isso é difícil para mim) e... de repente, uma agonia me enche o coração:
Será que, no Chile, vou ter um Márcio semelhante a este?!
Será que, no Chile, terei uma amiga como a vizinha e elegante Nereide, que elogia, sempre, meus artigos nos jornais?
Será que, no Chile, terei um cão corintiano, como o Zorro, a acompanhar minhas solitárias caminhadas?
Será que, no lindo Chile, haverá um moço Oswaldo, que me socorre sempre? Olha a última vez, ele veio correndo na minha cabana. Eu havia lavado roupa e... um pé de meia xereta, insinuou-se no cano de descarga da água... e... estava tudo entupido!!
Ele desentupiu!! Graças a Deus!! Ufa!!
Será que, no lindo Chile, vou encontrar um jardineiro prestimoso e de respeito, como o sr. Orlando?!
Fecho a mala, primeiro, a pensar, bastante, antes de deixar o território meu: o brasileiro!!!

12 de agosto de 2009

Brasil covarde.

"Não é possível legislar em prol da liberdade dos pobres, legislando de forma a cortar a liberdade dos ricos. Tudo que uma pessoa recebe, sem que tenha trabalhado, virá necessariamente do trabalho de alguém que não receberá por isso. Um governo não pode dar algo a quem quer que seja, que este mesmo governo não tenha tirado antes de outra pessoa. Quando metade da população de um país entende que não precisa trabalhar, porque a outra metade da população cuidará e proverá por ela, a metade que se vê obrigada a prover a outra entenderá que não adianta trabalhar, porque o fruto de seu labor não será seu. E ESSE, MEU AMIGO, É O FIM DE QUALQUER NAÇÃO. NÃO HÁ COMO MULTIPLICAR A RIQUEZA PELA SUBTRAÇÃO". (Adrian Rogers, 1931/2005)

Brasil covarde
Vamos encher a caixa dos senadores.
São cínicos e não estão nem aí para o povo.
Só existe uma solução para limpar o senado:
RENÚNCIA DE TODOS OS SENADORES.
Os bons voltarão!!!!
Brasil covarde
Brasil covarde
Artigo de Guilherme Fiuza
Em defesa de José Sarney, Collor mandou Pedro Simon engolir suas palavras. Simon voltou a falar, mas engoliu. Em seco. Depois relatou que teve medo.
O olhar vidrado de Collor lembrou ao senador gaúcho o crime cometido pelo pai dele, Arnon de Mello, que matou um colega no plenário. Simon achou que podia ter o mesmo fim trágico.
Trágico mesmo nessa história é o medo do valente Pedro Simon. Acabaram-se os homens públicos, acabou-se o espírito público. Se um Collor babando de ódio é suficiente para calar um democrata, a democracia será regida pelos psicopatas.
Collor disse a Simon que não se atrevesse a repetir o seu nome, nunca mais. A intimidação fez efeito, e Simon não mais pronunciou o nome do colega..
Se ainda existissem homens públicos, Pedro Simon, ou qualquer outro senador, deveria ter respondido imediatamente a Fernando Collor de Mello (este é o nome dele): o Senado é uma alta representação do povo, os que lá estão têm nomes, e no dia em que algum deles não puder ser pronunciado a democracia terá morrido.
Vamos repetir o nome do senador que não quer ser mencionado, e que foi obedecido por Pedro Simon: Fernando Collor de Mello. É muito importante pronunciar este nome, para que ele não seja esquecido jamais.
Fernando Collor de Mello é o ex-presidente da República que acreditou poder governar na marra, com medidas truculentas como o confisco da poupança dos brasileiros, e que julgou poder usar o mandato popular como instrumento privado em benefício próprio. Ao lado de seu famoso tesoureiro, Paulo César Farias, condenado por corrupção, Fernando Collor de Mello foi acusado em vários processos de lesar a administração pública, teve que renunciar, e foi condenado no Senado à perda de seus direitos políticos por oito anos.
Collor foi absolvido na Justiça, cumpriu a pena política e conseguiu voltar a se eleger. Estava no seu pleno direito. Era hora dos incomodados se calarem.
Ao entrar no plenário do Senado bufando, tentando intimidar, ameaçando com chantagens e perseguições, este homem está dizendo o seguinte ao país: não quer ser tratado como um democrata, quer ser tratado como bandido.
Entre o medo de Pedro Simon e a apatia da opinião pública, Fernando Collor de Mello (este é o seu nome) saiu de cabeça erguida do Senado. O terror venceu. E no dia seguinte, foi recebido discretamente por ninguém menos que sua santidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O velho, o desclassificado, o inacreditável Collor canta de galo no Senado Federal, e o Brasil assiste. O Brasil é covarde.
É por isso que José Sarney sobe à tribuna e mente à vontade. Não tem problema ele dizer que não tem nada a ver com Agaciel e a farra do tráfico de influência. O Brasil sabe de tudo. Mas a covardia abençoa os cínicos.
Se Collor pode fazer discurso de bandido no Senado e ser recebido em seguida por Lula, por que implicar com as molecagens da família Sarney?
O melhor é ligar a TV e assistir à marmelada no Conselho de Ética com pipoca e Coca-Cola.
PS: O nome do senador impronunciável é Fernando Collor de Mello.

Futurologia.

NOSTRADAMUS FALOU E DISSE!!!
Em suas Centúrias , Nostradamus escreveu com tanta exatidão, que chegamos a acreditar que ele conhecia o Lula.
Fragmentos de um texto de Nostradamus: '...e próximo do terceiro milênio uma besta (seria o Lula????) barbuda (céus,é ele!!!) descerá triunfante sobre um condado do hemisfério sul (Brasil???) ; espalhando desgraça e miséria .' (acho que se trata dos reajustes dos aposentados ou do mensalão). '
...Será reconhecido por não possuir seus membros superiores totalmente completos.' (epa!!! Cadê o dedinho?) '.
..Trará com ele uma horda (faz sentido: Palocci, Zé Dirceu, Gushiken, Genoíno e Cia Ltda) que dominará e exterminará as aves bicudas (só pode ser o pessoal do PSDB -- Tucanos = ave bicuda!!!) .
E implantará a barbárie por muitas datas (REELEIÇÃO???) sobre um povo tolo e leviano.' EITA!!!, é nóiiiiiiis !!! ...

E Não é que Jesus Cristo está...escrevendo e dando autógrafos?

Nunca eu li um livro Dele!!
E nem do filósofo Sócrates que O antecedeu em 499 anos.
Jesus "falou" à humanidade pelos seus apóstolos.
Não sei muito sobre os apóstolos. Sei que alguns O viram e O ouviram. Outros não, mas escreveram e as grandes e lindas lições permanecem...e permanecerão!
De Sócrates, as palavras nos chegam via Platão, talvez o mais brlhante cérebro que houve e também via Xenofontes, apenas um militar...
A novidade - já nem tanto nova - é sobre o Bispo Edir Macedo, da Universal, e mais 8 capangas.
Recebiam eles, dos fiéis, vendendo fé, cerca de 1 bilhão e meio ao ano, em Reais. Cáspita! quanta grana!
Limpos que são ou pensavam que o fossem, "lavavam" o dinheiro lá fora e, já limpo, retornava a farta algibeira, para empréstimos generosos, tipo 20 milhões para a compra de emissora televisiva...
Cada centavo era tirado dos de boa fé, pelo chamado dízimo.
E, sabe, o "dizimista" recebia um recorte de jornal com agradecimentos e louvatórios, tudo assinado por... Jesus Cristo!!
Jesus Cristo! Para onde se vai?
Pelo menos esses nove foram prá jaula. Por enquanto.
Nosso sistema carcerário é tão, mas tão avacalhado (as sras vaquinhas me perdoem)...que, logo logo, sairão e pelas portas da frente!
Não! não sou bule, tipo mulher de pô-café!
Creio nas forças supremas, do Criador, que nos abençoa a cada dia que vemos o nascer do sol...!
Quanto aos seres humanos...vamos com calma. Estamos em processo de evolução. Aprenderemos a crer na PALAVRA e não no autógrafo!
Por agora é só.

Elos que o tempo não apaga!

Ontem, terça, tive uma grata surpresa: uma ligação telefônica de uma gentil amiga, com quem não converso há...mais ou menos 50 anos!!
Reconheci-lhe a voz: Elisabeth! Beth!
Nos falamos por mais de meia hora e lhe prometi uma visita, quando for a S.Paulo.
Trocamos emoções e pretendemos sempre nos comunicar, reunindo os pedaços de saudade, porque a amizade é sempre bem inteira!
Obrigada, Beth, muito obrigada.
Terno abraço a você e a todos os seus queridos.
Daidy.

CADÊ A MINHA VACA?!

Postado por Agnaldo Vergara
(Texto publicado na Internet em 20 de dezembro de 2003)

Quando eu era pequenininha – mais ou menos, porque nasci com 68cm - eu ia sempre à Fazenda do Charles Vaughan, entre Nova Odessa e Sumaré.
Havia lá uma casa antiga, tipo “Conde do Pinhal”, bem no alto... Descendo sempre, a gente acabava se encontrando numa cabana rústica, feita de toras roliças de madeira. Foi aí, gozando uma feliz infância, que fui apresentada à vaca e gostei dela imediatamente.
Ela tem... um olhar muito lânguido, sobretudo quando lhe tiram leite!! Os parentes e amigos iam ali pescar e, ao final da tarde, a proprietária sra. Vina Vaughan, oferecia um delicioso pãozinho inglês, de nome “bisque”.
Aí eu fui crescendo, fiquei adolescente e levei àquela cabana rústica meu único namorado!! Você não vai acreditar, mas, nós dois, encostadinhos, conseguimos pescar... o mesmo peixe... eu com a minha vara... ele com a vara dele!!! Não acredita? Confira: Eu não falo mentira e ele só fala a verdade.
Mas, deixemos o passado pra história. Todos aqueles peixes já morreram. A minha vaca amada também. A sra. Vina não vai morrer nunca, porque, depois de 50 anos... meus filhos, já homens, adoram o “bisque” que eu faço! O bisque é feito com leite azedo...
Leite azedado na escola, Daidy?
– Ora veja, o sr. Genoino! Na mosca, já que o assunto é leite, vaca e essas coisas aí!
– Eu tenho participado desse importante assunto, aqui em São Carlos e em toda região interessada no tema. Leite pasteurizado ou em pó!!?
(Eu acho que o assunto vai se estender pelo Estado todo)
– Assunto teta é o fino da moda na política hoje, não Genoino?
– Assunto teta? Pensei que fosse assunto vaca!!
– Vaca? Não, as vacas são boas demais... as tetas é que fazem o charme. Cada candidato procura ou depois de eleito, vai procurar a teta em que o adversário mamava!!! É que eu li, sabe, sr. candidato a governo do Estado, que o sr. vem tomando a proposta da produção do leite pasteurizado e é a favor da substituição do leite em pó pelo pasteurizado, para enviar às escolas.
– É venho tomando...
– Então é verdade! O sr. vem tomando mesmo! Sabe, genuíno Genoino, acho que o sr. deveria abandonar essa estória de produção de leite... Não se mete com vacas, Genoino, o sr. está em desvantagem. Só tem duas pernas e nenhum rabo!! Querido Genoino, não se envolva com esses “deleites”! Deixa isso com os políticos locais! Que se virem... Eu, no momento, só quero é saber “ onde estaria a minha antiga e querida vaca....
– Deve estar por aí, dando...
– Só se for a sua!! A minha era uma santa vaca! mas... Falar isso em jornal sério, já é demais!
– Não, Daidy, a sua vaca estaria dando... leite... em... outra dimensão!!
– Fico aliviada!! Lógico que vaca dá leite... aconselhei a ela que o vendesse!!
– !!!@#$%!! Mas sabe, genuíno Genoino, parece que há problemas sérios, porque o leite pasteurizado tem que ser entregue no dia... você sabe, o produto de uma boa vaca logo... acaba ficando azedo!...
– Sim, usaremos conteineres refrigerados, desses que o Canadá e os EUA não usam mais... eles serão levados de caminhão...
– Pois é, caro Genoino... eu sou ... um pouco tímida e, inda que mal lhe pergunte, posso lhe dar uma sugestão?
– Claro, Daidy, nós do PT somos abertos!
– Porque não simplifica tudo?... Esqueça conteineres, esqueça caminhões esqueça leite em pó... esqueça tudo isso! Ponha a minha vaca direto, lá na escola! A criançada ia adorar!! Veriam que a minha vaca tem quatro pernas, um rabo só... e... sabe Genoino, eu sou um pouco tímida... e falar disso me constrange...!
– Fale, Daidy!
– É com relação às tetas da vaca... a criançada iria ficar contando o dia inteiro todas elas!
– Mas são só três!
– Só três?!!
– Só três: uma do lado direito, politicamente eu diria... da situação; outra do lado esquerdo... politicamente eu diria, da oposição; e uma no meio... que eu diria...
– Que eu diria que, politicamente, você é um completo... Ingênuo e volto ao assunto tetas... AONDE É, então que esses políticos mamam tanto??!!
– Daidy, você é muito, muito maliciosa e irreverente!
– Possivelmente! Mas, inda que mal lhe pergunte... não é assim... que as pessoas, e que os partidos vencem?!!
– Bom...
– Bom coisíssima nenhuma ! Você tem que ser O ÓTIMO, pra ajudar no governo deste País, você deve deixar as vacas pros vaqueiros e o leite pros leiteiros... vai DIRETO, lindo Genoino, faça uma coligação de todos os oposicionistas deste querido país... e vai, certeiro, impedir que uma coitada de uma vaca, que dá leite (eu venderia!)... tenha que criar um milhar e meio de tetas... pra tanto político mamar!!!
– Daidy! Sabe que você é uma...
– Sim, querido e lindo Genoino... eu queria ser duas, três, quatro ou cinco... e fico muito feliz em ser assim! Não luto por simpatias sabe... eu... não sou política! Mas você é!! E eu lhe juro! Enquanto eu viver, estarei procurando a minha vaca e os políticos que abusam das tetas dela! Espero que você faça o mesmo...
– Mas...
– Nem mais nem menos, Genoino. Ou você é a favor... ou você é contra a minha vaca!
– %$$##@@&&**++!!!!