15 de outubro de 2009

Vamos trabalhar um pouco, aprendendo novas e fáceis palavrinhas

Texto publicado em outubro de 2003

Pedi licença ao sr. Mario Otsuka, maravilhoso sogro do meu maravilhoso filho Mario, para colocar junto às minhas crônicas, um texto que ele me enviou, depois de uma estadia de nós todos em Poços de Caldas. Ele havia, há muitos anos atrás, ali passado sua lua de mel.
A estadia não foi só alegre, mas, pela presença culta desse verdadeiro amigo da natureza, muito aprendemos nos passeios – que se tornaram, para mim, inesquecíveis.
A cultura, aliada à sensibilidade e ao amor à natureza garantem ao sr Otsuka a minha admiração e respeito. Leitor, vamos aprender algumas palavrinhas novas. É fácil!!!

UMA SAUDADE FELIZ

"Ah! Poços de Caldas...eu a conheci há mais de 30 anos; como você mudou!
Para melhor, eu acho. Outros diriam: é óbvio.
Suas praças estão mais lindas; suas atrações, melhores.
O Continental Hotel (ou é Hotel Continental?)... de tantas lembranças boas, guarda, porém, a sua aparência externa. Continua azul. Azul... sugerindo recordações de... sonhos azuis.
O bosque da Fonte dos Amores, que, agora pela primeira vez adentramos mais intimamente, esconde belezas perceptíveis somente aos olhos mais atentos à natureza.
Esconde, sob suas sombras, a trilha que atinge o topo do Morro do Cristo, numa diferença de 200 metros de altitude, em relação à cidade. Em degraus íngremes, desiguais, às vezes escorregadios, de pedras desenterradas pela força das águas das chuvas,muito facilmente elas os fazem escorregar, pelo desgaste do solo, sob a ação dos pés constantes dos que ali passeiam.
Conseguimos vencer o morro! Fincamos no topo dele a imaginária bandeira da liberdade – que sentíamos ao escalá-lo. Na subida, algumas pessoas escolheram a forma primatizada, isto é, de quatro, como verdadeiros descendentes de primatas.
No topo, junto à imagem de Jesus Cristo, nasce a vontade de voar livremente, ascendendo o ar quente, como fazem CORAGYPS ATRATUS (1), ou então, em vôo rasante, como POLYBORUS PLANCUS (2).
No bosque, antes da subida, observamos CEBUS ERXLEGEN (3) saltitarem de galho em galho. Algumas fêmeas, com filhotes agarrados às costas, quais asiáticas, também saltitavam sem nenhum receio.
CECROPIAS (4), carregadas fartamente com seus frutos palmiformes, parecendo bananinhas, seriam, se lá habitassem, alimentos preferidos de BRADYRUS TRIDACTYLUS (5).
Atentamente observei o interior do bosque, mas não vislumbrei nenhuma árvore de CROTON FLORIBUNDUS ou de CROTON URUCURANA (6), cujo néctar de suas flores dá um delicioso mel. Observei, porém, a existência de algumas árvores de PIPTADENIA COMMUNIS (7), nectarífera por excelência e também algumas árvores de TIBOUCXINA MUTABILIS (8), cujas flores são áridas de néctar.
Quais espumas brancas, continuam descendo as águas, ainda límpidas, pelas rochas vulcânicas da cachoeira do Véu das Noivas.
Nas proximidades, muitos pés de VERNONIA POLIANTES 99), cujas flores, em pleno inverno, atraem milhares de APIS MELLIFERA (10) africanizadas,híbridas de APIS MELLIFERA LIGUSTICA (11) , A.M. CAUCASIANA (12), A . M. MELLIFERA (13) e A.M. CARNICA (14), com as temíveis A.M. SCUTELATTA (16), cujo nome popular, segundo os ensinamentos de Mario Peterlevitz Frigerio, é Cascata das Antas.
Nos caminhos de nossos passeios, lindas flores de PYROSTéGIA ígnea (17) enfeitavam o verde dos matos.
Pedalinhamos (pedalar o pedalinho) nas plácidas águas da Represa Bortolau e, para arrematar, saboreamos uma bela fritada de ASTYNAX (18).
Voltemos agora às praças da cidade, bem arborizadas. Notei que, como na cidade de São Paulo, os BROTOGERIS TIRICA (19) estão acabando com as sementes de CHORISIA SPECIOSA (20), antes mesmo de saírem voando graciosamente com sua paina, deixando o chão da praça repleto de pequenas porções de paina, quais flocos de neve.
Nas andanças pelas praças, admiramos as frondosas árvores de CAESALPINIA FÉRREA (21), CAESALPINIA PELTOPHOROIDES (22), primas de CAESALPINIA ECHINATA (23) – que não vimos - DELONIX REGIA (24).
Comentei sobre a existência, em algumas árvores, de uma planta parasita, a PHRYGILLANTHUS ACUTIFOLIUS (25), que nasce como se fosse um galho bastardo. Mostrei aos acompanhantes duas árvores, uma de DOMBEYA WALICHII (26) e outra de DOMBEYA NATALENSIS (27), cujas floradas se dão final de outono e no início de inverno. Suas flores são ricas em néctares a ponto de ficarem pingando no chão e são muito visitadas pelas APIS MELLIFERA.
As ruas da cidade são arborizadas, entre outras árvores, com BAUHINIA FORTICATA (28), LIGUSTRUM JAPONICUM (29) e PLATANUS ORIENTALIS (30). Nos quintais, alguns pés de MONTANOA BIPINNATIFIDA (31), fartamente floridas, assim como alguns MELIA AZEDARACH (32).
Quase ia me esquecendo de falar sobre os pássaros que encontramos, como PASSER DOMESTICUS (33), BROTOGERIS TIRITA (19) COLUMBINA TALPACOTI (34), COLUMBA LIVIA (35), PITANGUS SULPHURATUS (36) e até FURNARIUS RUFUS (37).
Falemos agora, apenas para registrar, do nosso café matinal. Mesa sempre farta de frutas variadas como CUCUMIS MELLO (38),DYOSPYRUS KAKI (39), PSIDIUM GUAJAVA (40). CITRUS SIWENSIJ (41), MUSA PARADISIACA (42), CARICA PAPAYA (43) e ANONASQUAMOSA, todas compradas no mercado local.
De retorno a São Paulo, uma parada obrigatória numa borracharia em Águas da Prata, para o reparo de um pneu do carro da Cristina.
Ali, na Praça Nossa Senhora da Aparecida, presenciamos um fato pitoresco: um ZONOTRICHIA CAPEUSIS (45) brigava, insistentemente, com a própria imagem refletida no espelho retrovisor externo do nosso GOL (46), tal qual aquele COLAPTES CAMPESTRIS (47) que, anos atrás, eu o vi brigando com sua imagem refletida na parte externa da janela do escritório onde eu trabalhava."
Decifrando; 1 – urubu de cabeça preta; 2-Carcará ou Caracara; 3 - macaco-prego; 4 –Embaúba ou embaúva; 5 –Preguiça ou bicho-preguiça; 6 – Capixingui ; 7 –Jacaré; 8 –Quaresmeira; 9 – Assa-peixe; 10 –Abelha de mel (abelha Europa) ; 11 – Abelha de mel italiana (da Ligúria); 12 – Abelha de mel do Cáucaso; 13 – Abelha de mel da Península Ibérica; 14 –Abelha de mel dos Alpes Austríacos; 15 – Abelha de mel da África; 16 – Anta; 17 – Cipó S.João; 18 – Lambari; 19 – Periquito verde; 20 – Paineira; 21 – Pau-ferro; 22 – Pau-brasil; 24 – Flamboyant; 25 – Erva de passarinho; 26 – Astrepéia rosa ou Borla de Sargento; 27 – Astrepéia branca; 28 – Unha de vaca; 29 – Ligustro ou alfaveiro 30- Plátano; 31 – Margarida; 32 - Santa Bárbara; 33 – Pardal; 34 – Rolinha; 35 – Pomba doméstica; 36 – Bem-te-vi; 37 – João de Barro; 38 – Melão; 39 – Caqui; 40 –Goiaba; 41 –Laranja; 42 –Banana; 43 – Mamão; 44 - Fruta de conde; 45 – Tico-tico; 46 – Volkswagen; 47 – Pica-pau.”
( Sem revisão do autor).
Eu não disse que era fácil? Agora é só decorar todas elas, viu!

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