22 de setembro de 2009

CÃO NO VASO

Postado por Agnaldo Vergara
Texto escrito em dezembro de 2003

– A cada dia cinco de junho – dia do meio ambiente – o mundo coloca-se em polvoroso peripaque e em... polvorosa periquitação.
Cada grupamento da sociedade, tanto a organizada (bem pequena) quanto a desorganizada (bem grande) e a em organização emitem valioso palpite, proclama inestimável protesto e, de modo insigne, contribui, esclarecendo sobre as formas corretas, sobre as normas a seguir, sobre as soluções todas que dariam para despoluir este nosso delicioso planeta, por um bom tempo! Provavelmente, um pouco mais que meia hora! O que mais impressiona é ver como as cidades despejam o seu cocô biológico em lugar indevido e como as empresas (salvo honrosas exceções) despejam o seu cocô químico em lugar indevido... O homem resolve em parte a sua parte mas... compromete o todo.
Resolve o que é seu – particular – e compromete o que é público.
É assim mesmo! Demora! Pelo menos, ele já tem a "informação” sobre a forma correta de agir. Diz que sabe. Ou pensa que sabe quando o diz. Esse “conhecimento” ainda está na fase de opinião. Opinião, segundo Sócrates (o filósofo, não o jogador, preste atenção!) é o mais baixo grau de conhecimento! custa chegar à idéia, certinha, completa, perfeita e imutável, capaz de mudar a conduta, trocar de hábitos. Demora, mesmo que já se tenha o conhecimento, a informação. No seu pequeno círculo, o homem já parece bem evoluído. Contudo, à medida que esse universo vai se ampliando, do individual para o geral, fica mais que evidente que nós, seres humanos, estamos apenas... começando a descer da árvore!
Ainda somos... bastante macacos!!!
– Espera aí!!! Agora você me ofendeu, Bud!! e aos macacos. Exijo reparações! E já falou demais!!
– AU..!!! AU...!... AU!!...
– Quem está latindo?
– Eu não, Bud. E você, intrometido, sabe que é o cão Popinho!
– É estranho, você o “disciplinou” tanto e ele polui sonoramente fora de hora!
– É que já passou da hora de eu levá-lo...
– Por favor, não interrompa quando flui uma inteligência que se aproveite, nestes seus pensamentos, que são, diga-se de passagem, um... zoológico! É cavalo metódico, é cavalo já famoso, é o Zorro, o fila Peri, do seu filho Mario, o Popinho, do seu filho Giulio... as galinhas da sua santa avó, a gata branca do seu marido, os urubus que ele a levou a apreciar... além de papagaio, galo, garça... do bode velho da sua amiga Joana... Só falta mesmo é história de sapo...!
– Essa insolência vou passar a limpo, do primeiro ao quinto...!
– Do primeiro ao quinto, é jogo de bicho. E, acaso não me cabe razão, ao falar em... ZOOLÓGICO?!
– AU!... AU...!... AUU!
– Espera aí, Popinho! Já vou levar você!
– Cachorro malcriado e barulhento!
– Nada disso! Não ofenda também à inocente criatura! Você vai é levar uma surra do meu filho Giulio, dono do Popinho.É que já passou da hora de... ele... bem... fazer sua caquinha!
–Isso não está me cheirando bem...! e aposto que vai lá fora, poluir o asfalto...
– Com sua licença, vou levar o Popinho... que já se impacienta...
– E isso não vai cheirar bem.
– Tenho recebido aulas suas sobre o problema que os cocos de cães fazem espalhar em locais públicos. Aí vem o sol e seca todinho. Aí vem o vento e desmancha tudo bem fininho, leva para o ar, para dentro de casa, sobre o prato de alimentos bem saborosos e... higienicamente preparados...! Prometeu ainda inventar uma fórmula para fazer qualquer cocô aparecer florescente e brilhante.
– Lógico! Por que não levar um saquinho junto e... recolher... a “obra” artística do lindo cão? Na Inglaterra é assim!
– TRRRRIIIMMM!!
– ALÔ! QUEM FALA!!!
– Um escritor virtual, aqui do outro lado desse ”ZOOLÓGICO”. Tenho uma eficaz solução e de sucesso garantido.É só treinar esse simpático cãozinho que está sofrendo aí com vocês dois, o Popinho. Pode parecer estranho, mas ele aprende mais rápido que vocês dois... use o banheiro do Bud! e, com um pouquinho de paciência, ele vai para o Guiness Book. O cão, não o Bud (preste atenção!): O PRIMEIRO CÃO A SENTAR-SE NO VASO!
– Muito obrigada, sr. virtuoso. Resolvido o crucial problema do meio ambiente, já posso pensar numa história de... sapo!

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