26 de setembro de 2009

Produzindo minha própria e exclusiva... enchente!

Postado por Agnaldo Vergara
Texto escrito em janeiro de 2004

Ontem, sexta-feira, 30 de janeiro, amanheceu com sol forte e céu límpido. Um pouco antes havia estrelas ainda no céu.
O dia foi comum, mas durante esse comum – que fica monótono – nuvens se formaram; brancas primeiro; acinzentadas depois, negras em seguida.
Eu vigiando. Tranqüila.
Pelas 17hs, desce uma significativa tromba d’água, com gotas do tamanho da moeda de ouro do Tcheco Bepo. Logo logo, meu quintal se encharca, mesmo porque, já encharcado por anteriores dilúvios, não há absorção...
Eu vigiando, um tantinho menos tranqüila.
As moedas de ouro (que o negue o nordeste!) continuam a cair, agora em pencas, de mãos dadas, umas às outras.
Fora desse barulho todo, há um silêncio aqui, até que ouço uma gritaria geral de socorro dos meus pés arbóreos frutíferos:
– Plantas ao mar!!!
Aguçou-se o meu romântico espírito ambientalista e, já encharcado aqui dentro, fui ver o encharcado do lado de fora.
Tudo devidamente alagado, com já metade da minha calçada submersa! O prédio do Vendramini supremamente presenteado! Uma ilha completa!
Aguçou-se meu espírito – nada romântico, mas mercantil: “Que pena! Se a obra tivesse terminado... eu poderia vender, aos 28 proprietários, barcos e remos. Motor aos mais abastados”.
Continuo, de campana, no portão.
Minha linda vizinha, sra. Vânia, recolhe o carro (quase sempre estacionado à sombra do meu “chorão” - penso em cobrar aluguel!)... e justifica ela: “que as águas estão subindo...!”
Com a calçada quase que toda submersa, a chuva se amaina, que até o céu tem limites.
Sem pressa, a enchente vai se esvaindo... e meu espírito imaginativo percebe a frustração de Moisés, o maior vulto do Antigo Testamento, o “salvo das águas”, guerreiro, estadista, poeta e coisas mais. Separou as águas do Mar Vermelho! Sim, ele estava frustrado, porque (já que os prefeitos não fazem!) ele queria fazer justiça aqui em São Carlos: separar as casas dos bons samaritanos, que ligam água no lugar de ligar água e ligam esgoto no lugar de ligar esgoto. E... encher de santa caca os ralos de todos os outros!
Não fique triste não, poeta Moisés! Muitas enchentes maiores virão!!
E tudo volta ao normal.
Depois de todo esse desgastante processo imaginativo... um banho seria bom.
Uma morna chuveirada!
Frustração!! Tudo está seco. Nem um pingo sequer!
É que, devido a grandes pancadas do bate-estacas da digna construtora ao lado... minha cabana recebeu o desengate de cotovelos no encanamento. Vazamentos... dignos e... se o registro ficar, santamente aberto, como em toda casa de qualquer santo cristão... Moisés que nos acuda!! E que nos salve, não só da conta do SAAE como do desperdício!!
Registro aberto... um santo banho morno... que felicidade duradoura!!
Pelo menos até à meia noite, quando acordo, sempre com a mesma voraz vontade de saborear manga! O trajeto, até a copa traz um ruído estranho: tschock... tschock... tschck..!!!
Tudo inundado! A começar pela grande rachadura da área de serviço!!!
Mas... primeiro é a manga! Depois, duas horas a secar a própria e exclusiva enchente!
De retorno ao espírito otimista: Ainda bem que a minha enchente eu a produzo... com água limpa!!!

2 comentários:

Ivoninha disse...

Oi Daidy: São as águas de janeiro a consumir sua paciência e a exigir providências cabíveis!!! Haja paciência,lirismo, inspiração... Bjs Ivone

Anônimo disse...

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