31 de agosto de 2009

Convolando (*)

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em dezembro de 2003


Leio, sempre que posso, os textos do nobre cronista, Sr Eduardo Kebbe
Discorreu ele sobre as dificuldades de as pessoas que moram só, adquirirem produtos presos
Não sabe o que é um produto preso? Explico: hás os produtos soltos e os produtos presos. Solto, é quando você vai e compra: dois tomates, dois dentes de alho, uma abobrinha, uma berinjela, um xuxu, uma cenoura, uma mandioquinha, uma caixa de fósforos, dois palitos de dente, oito embalagens de corega para fixar dentaduras, oito maçãs, oito pêras, oito bananas, oito caquis, oito kiuís, oito abacaxis, oito...
Espera aí!! Você vai abrir uma quitanda?
Saiba, eu até abriria se o meu estômago de avestruz deixasse sobrar alguma fruta...! Bem, esse material é que eu chamo de produto solto. Os presos são aqueles assim: - Quero 100 gramas de lasagna (é essim que o italiano escreve). – Infelizmente, só temos de um quilo! – Então me dá duas salsichas de lata, por favor! – A senhora quer dizer duas latas de salsichas, não é ?! – NÃO!!! Isso vai estragar. Só quero, mesmo são duas salsichas de lata. E pronto. – Sem chance, senhora. – E... sardinha em lata, soltas, o sr. teria?! – (Me acontece cada uma!...) sardinha em lata é só presa. – (Mas que porcaria de casa é esta? Com uma população de idosos e eles estão ainda no século passado! Uma pouca vergonha!).
Bem, acho que já deu entender o que é produto preso e produto solto. Voltemos ao nobre cronista, Sr Eduardo Kebbe. Ele conclamou os solitários a se unirem e exigirem seus direitos gastronômicos, gastanto menos!!
Tem razão! Eu já estou enjoada de fazer bisque, um pãozinho inglês que usa leite azedo. Um litro de leite é muito e... a minha paciente vaca, que me fornecia de pouco em pouco) lá dentro dela, o leite não azeda, como na geladeira!) , você sabe, já faz algum tempo que eu a emprestei para o Genoino...!
Bem, depois, o nosso cronista, no final, se a luta pela minimização das embalagens dos produtos presos não der certo, ele aconselha: “em derradeira hipótese, convolai núpcias!”
Aí fiquei intrigada! Convolai?! Nunca ouvi esta palavra. A terminação parece que é de um verbo, no imperativo, segunda pessoa do plural vós. Então deve haver o verbo convolar. Fui ao “pai dos burros” e, como esse meu pai está bem velho (eu bem que mereceria ganhar um do professor Pasquale, ou do Weiss); não achei o verbo convolar, mas a palavra “convoluto”, adjetivo que vem do latim “convolutus” e que, na História natural quer dizer enrolado; dobrado em forma cilíndrica, folhas, asas convolutas...!
Enrolar em cilindro, em núpcias?
Chiiiii!! Será que estou entendendo?
Então, para comprar um quilo inteirinho de lasagna e outros produtos presos, você sai, por aí... convolando?!! E... será que a outra pessoa vai gostar de... de convolação?! Será que eu encontrarei um bom... convolador? Porque, convolador de araque não aceito! Sem negociação!
Em se achando um conveniente convolador, seria de bom alvitre, fazer convites: “Nós, os convolantes, estamos convidando você para uma convolação na mesa e...
Na mesa???!! Que falta de respeito!!
Você é que é malicioso!! Convolação na mesa é a gastronômica! Para comprar lasagna de um quilo, uma pizza toda inteira e uma lata inteira de sardinha em lata! Mente suja é a que você tem!! E mais! Saiba que eu sou uma convolatícia... que é uma convolante vitalícia: com quem convolei, convolei; não convolo mais!!
E, finalizando, o nosso cronista afirma: “Tenho dito!”
Será que o Sr. não teria aí a recomendar-me algum dito cujo, bom convolizador de mesa?!
Obrigada pela crônica. Agora vejo tudo muito mais claro! Um abraço da Daidy.

* Convolar, (do lat. convolare) V.t.. i. Mudar de estado, de cônjuge, de foro (ô), de partido, de sentimento, de idéia, etc. (dicicionário Aurélio da Lingua Portuguesa).

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