9 de agosto de 2009

Sangue... no asfalto!

Postado por Agnaldo Vergara
(publicado na Internet em 26 de março de 2006)

Encontrei minha elegante amiga Nereide. Ela havia, generosamente, lido os dois textos sobre “sono polifásico” e deu-me razão: não entendeu nada! De lambuja, perguntou-me: “Vai continuar “dando sono” aos leitores, repisando nos Dirceus, nos Paloccis, nos Azaredos, nos Delúbios...? Ando enojada e enjoada!”
Mas deu-me carona até o centro, porque eu precisava comprar uma panela de pressão. Havia dado pane na válvula, isto é no “apito” da minha.
Caixa à sovacola, voltei pensativa. Penso que somente pensamos quando um pensamento está a nos incomodar o cômodo sentimento da feliz comodidade improdutiva.
Foi quando visitou-me o Bud (de omBUDsman), personagem que inventei (no livro Quatro Bruxas) para dialogar comigo, de modo a não ficar sempre falando sozinha. Ele é muito crítico, severo e, muitas vezes impaciente. Como o leitor, graças a Deus.
– Como? Disse-me ele, “vai escrever novamente sobre o “sono” que você causa, atendo-se aos assuntos desastrosos da corrupção, das pizzas, dos acordões, das cassações e das não cassações?!...”
– Aposto que essa caixa que tem sob o sovaco seja... uma panela de pressão!? Inda que não goste de concordar sempre com você, hoje a razão lhe pertence. Neste imenso Brasil, hoje uma ameaçadora panela de pressão na credibilidade sobre a eficácia da Democracia, confesso: não há “apito” brasileiro que mais resista! Mas... como sou otimista e as eleições estão chegando, tangenciarei pelas bandas de um outro desastre, que me foi contado por um amigo.
Esse amigo, a esposa e dois filhos voltavam de uma viagem, depois de alguns belos dias passados no litoral, junto aos prazeres de rumorejante mar. Era dia quando de lá saíram, mas o congestionamento da serra os foi atrasando muito e a noite chegou quando finalmente alcançaram a via Anhangüera.
A família amorenada queria chegar logo ao doce lar, evitando que uma viagem longa e cansativa anulasse os benefícios daqueles maravilhosos dias à beira-mar.
Tudo ia bem, até que, após um aclive... qual não foi a surpresa! Imensa fila de faróis, a perder de vista, indicava um desastre de grandes proporções. A passo de tartaruga iam indo, rumo ao local da tragédia. O silêncio entre os quatro era grande. A consternação também. Isso aumentou muito quando lograram visualizar um tétrico espetáculo que o lusco-fusco dos faróis prenunciava. Parecia que uma chuva de sangue tingia de vermelho o asfalto, onde, pasmem! Cabeças, muitas cabeças... sem os corpos... jaziam tétricamente tingidas!
Um espetáculo bem digno de um desses filmes de horror, sangrentos, ensangüentados, que as televisões gostam de passar num valente e incontrolável propósito de cultuar a violência. Assassinatos encomendados pelas máfias em todos os idiomas. Assassinatos encomendados pelos poderes de invisíveis grupos políticos que, do alto do Olimpo – eis que a deuses se auto-promoveram, determinam quem vive e quem morre, desde que a “imagem” seja blindada e... a sujeira... escondida!
Voltemos às sangrentas cabeças nossas.
Seria uma decapitação à moda iraquiana?!
Havia dois grandes caminhões bastante danificados, tombados e trombados... um começo de incêndio aqui, outro ali mais iluminavam a vermelha noturna paisagem asfáltica.
Chegou a vez de a família passar.
Os dois caminhões tombados e trombados... transportavam grandes cargas de... melancias!

ADENDO: hoje, quarta, dia 15, após redigir o “texto” da semana, ouço o depoimento do marqueteiro Duda Mendonça, protegido por hábeas corpus, para não ser preso. As CPIs são passageiras, com alguns elementos compráveis! Porém, otimista, creio, ainda em Instituições permanentes, como o Ministério Público, os “Supremos” todos, as Polícias todas, os Juizes todos e, para mim, o “Duda” também sabe disso. O que, realmente, ele está fazendo...é tentar o uso-fruto da “Delação Premiada”.
Sabe, leitor, quando formos mais evoluídos, não haverá mais nada, em nenhuma instância e em nenhum “instituto” que o povo paga...que será “secreto, escondido”.
E isso depende da sua luta e da minha luta. Depende da luta de todos! Que Deus nos conceda força para tanto!

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