Postado por Agnaldo Vergara
(publicado na Internet em 26 de março de 2006)
Encontrei minha elegante amiga Nereide. Ela havia, generosamente, lido os dois textos sobre “sono polifásico” e deu-me razão: não entendeu nada! De lambuja, perguntou-me: “Vai continuar “dando sono” aos leitores, repisando nos Dirceus, nos Paloccis, nos Azaredos, nos Delúbios...? Ando enojada e enjoada!”
Mas deu-me carona até o centro, porque eu precisava comprar uma panela de pressão. Havia dado pane na válvula, isto é no “apito” da minha.
Caixa à sovacola, voltei pensativa. Penso que somente pensamos quando um pensamento está a nos incomodar o cômodo sentimento da feliz comodidade improdutiva.
Foi quando visitou-me o Bud (de omBUDsman), personagem que inventei (no livro Quatro Bruxas) para dialogar comigo, de modo a não ficar sempre falando sozinha. Ele é muito crítico, severo e, muitas vezes impaciente. Como o leitor, graças a Deus.
– Como? Disse-me ele, “vai escrever novamente sobre o “sono” que você causa, atendo-se aos assuntos desastrosos da corrupção, das pizzas, dos acordões, das cassações e das não cassações?!...”
– Aposto que essa caixa que tem sob o sovaco seja... uma panela de pressão!? Inda que não goste de concordar sempre com você, hoje a razão lhe pertence. Neste imenso Brasil, hoje uma ameaçadora panela de pressão na credibilidade sobre a eficácia da Democracia, confesso: não há “apito” brasileiro que mais resista! Mas... como sou otimista e as eleições estão chegando, tangenciarei pelas bandas de um outro desastre, que me foi contado por um amigo.
Esse amigo, a esposa e dois filhos voltavam de uma viagem, depois de alguns belos dias passados no litoral, junto aos prazeres de rumorejante mar. Era dia quando de lá saíram, mas o congestionamento da serra os foi atrasando muito e a noite chegou quando finalmente alcançaram a via Anhangüera.
A família amorenada queria chegar logo ao doce lar, evitando que uma viagem longa e cansativa anulasse os benefícios daqueles maravilhosos dias à beira-mar.
Tudo ia bem, até que, após um aclive... qual não foi a surpresa! Imensa fila de faróis, a perder de vista, indicava um desastre de grandes proporções. A passo de tartaruga iam indo, rumo ao local da tragédia. O silêncio entre os quatro era grande. A consternação também. Isso aumentou muito quando lograram visualizar um tétrico espetáculo que o lusco-fusco dos faróis prenunciava. Parecia que uma chuva de sangue tingia de vermelho o asfalto, onde, pasmem! Cabeças, muitas cabeças... sem os corpos... jaziam tétricamente tingidas!
Um espetáculo bem digno de um desses filmes de horror, sangrentos, ensangüentados, que as televisões gostam de passar num valente e incontrolável propósito de cultuar a violência. Assassinatos encomendados pelas máfias em todos os idiomas. Assassinatos encomendados pelos poderes de invisíveis grupos políticos que, do alto do Olimpo – eis que a deuses se auto-promoveram, determinam quem vive e quem morre, desde que a “imagem” seja blindada e... a sujeira... escondida!
Voltemos às sangrentas cabeças nossas.
Seria uma decapitação à moda iraquiana?!
Havia dois grandes caminhões bastante danificados, tombados e trombados... um começo de incêndio aqui, outro ali mais iluminavam a vermelha noturna paisagem asfáltica.
Chegou a vez de a família passar.
Os dois caminhões tombados e trombados... transportavam grandes cargas de... melancias!
ADENDO: hoje, quarta, dia 15, após redigir o “texto” da semana, ouço o depoimento do marqueteiro Duda Mendonça, protegido por hábeas corpus, para não ser preso. As CPIs são passageiras, com alguns elementos compráveis! Porém, otimista, creio, ainda em Instituições permanentes, como o Ministério Público, os “Supremos” todos, as Polícias todas, os Juizes todos e, para mim, o “Duda” também sabe disso. O que, realmente, ele está fazendo...é tentar o uso-fruto da “Delação Premiada”.
Sabe, leitor, quando formos mais evoluídos, não haverá mais nada, em nenhuma instância e em nenhum “instituto” que o povo paga...que será “secreto, escondido”.
E isso depende da sua luta e da minha luta. Depende da luta de todos! Que Deus nos conceda força para tanto!
Historietas de fantasmas - O desafio
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