24 de agosto de 2009

A cabritinha

Postado por Agnaldo Vergara
Texto publicado na Internet em janeiro de 2006

Todos conhecem uma cabritinha: ela é dócil às vezes, ágil sempre; de olhar atento e buliçoso, rasga, veloz o vento, esquece a chuva e conquista os píncaros difíceis das montanhas... em busca do infinito!!
É dócil, porém indomável!
Ela sabe, sempre, aquilo que pretende! E luta, sem nenhuma dúvida.
Aceita a todos os desafios, como se isso fosse a sua própria essência do viver!
E é!! Escolhe, muito rápido, daquilo de que precisa e, veloz, escolhe para todos os outros também!! A dúvida não lhe existe!!
Sabe quem foi a mais querida cabritinha que conheci ?
A menina Mariane Otsuka Peterlevitz Frigerio.
Ela é uma lutadora, estudante de balé clássico (pela energia que ela tem, pela audácia...) acho mesmo é que deveria fazer patinação! No gelo! Sonhei com ela, a voltear as imensas pistas geladas, no mundo todo, mostrando tudo o que é capaz de fazer! Uma audácia sem limites!
Foi só um sonho, porque sou apenas a vó que... sonha!!
Sou, também, graças a Deus, a sogra!!!
Mas... minha cabritinha Mariane Otsuka Peterlevitz Frigerio, neste site de tantas crônicas, sabe que estou feliz? Mesmo longe de você?
É que existe o livro, o imorredouro livro, onde tudo fica registrado. E, sem dúvida, este despretensioso texto estará no meu próximo.
Um livro não morre, nunca! Ele lembrará seu sétimo aniversário, a ocorrer no dia 16 de janeiro de 2006, quando espero abraçá-la muito.
(Vovó, diria você, está para morrer? Por que está me contando isso tudo?)
Longe de mim a idéia de morrer!! Ainda não!! Sei que irei, direto, pro inferno !
Em que não acredito!!
Eu só lhe queria registrar o quanto você é querida a mim!
De olhos buliçosos, negros olhos que a tudo observam, dinâmica e magrinha, faz ginásticas que a mim... já são proibidas pela idade!!
(Mas eu tento!... Juro).
Além dessa dinâmica toda, a minha Cabritinha sabe ser terna e carinhosa. Lembro-me que, em janeiro, 08 de 2005, quando do casamento do titio Giulio com a titia Patrícia, havia três anjos de branco, na cerimônia, a levarem as alianças. A minha Cabritinha, a irmã Larissa e a Ana Laura, a prima pequenina, muito ainda... que, de repente, parou... em meio àquela inusitada cerimônia. A Cabritinha não teve um segundo de dúvida sequer: carinhosamente, arrastou a priminha pela mão e, com a simpatia e sorrisos de todos os convidados... a bela cerimônia continuou. Mas não foi só! No almoço do dia seguinte, na cabana, ela resolveu “cuidar” de mim, que estava com o braço esquerdo quebrado, na tipóia. “Não precisa cortar tão pequeninas as fatias de lagarto, Mariane! A vovó tem boca grande!” Peremptória, a menina-Cabrita, de cinco aninhos, asseverou: “Hoje você está doente!”
Eu “bedeci”. Fui mastigando, bem devagar, as minúsculas porções. Nesse vagaroso processo, o estômago deve ter mandado ao Centro de Saciedade, no cérebro, a mensagem: “Já chega! Se continuar comendo... vai engodar!”
Como é que a Cabritinha sabia disso???! Por uma energia Cósmica a ligar-nos... todos! A ensinar a nós que, neste mundo tão imperfeito... ainda não se sabe quem é o professor e quem é o aluno! A idade não importa! Amor e respeito, sim.
Gostaria que você, meu querido leitor, que tem filhos, irmãos, sobrinhos, netos ou primos... ou que não tem mais... ninguém... assumisse como suas estas últimas palavras do texto... porque sei que você tem uma Cabritinha, a quem possa dizer:
Eu e você somos os elos de uma contínua corrente. A da vida. Quem vem e quem se vai! Mas confio em você, querida cabritinha que, ao percorrer seu caminho, ao subir às montanhas – o que você fará, certamente – lembre-se de não esmorecer – nem de se cansar! – Porque o caminho certo é o mais difícil! O mais árduo!! Mas é o único da honra, da honestidade, da ética, e de corretas ideologias e boas!
Com amor, vovó Daidy e todos os outros.

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